A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, explicou esta quarta-feira que a situação internacional torna necessário que Itália suspenda o Tratado de Schengen, depois do seu Governo ter reintroduzido controlos na fronteira com a Eslovénia a partir de sábado.

A suspensão do Tratado de Schengen sobre a livre circulação na Europa tornou-se necessária devido ao agravamento da situação no Médio Oriente, ao aumento dos fluxos migratórios ao longo da rota dos Balcãs e, sobretudo, devido a questões de segurança nacional”, frisou Meloni, em declarações aos jornalistas. “Assumo total responsabilidade por isso”, acrescentou, citada pela agência ANSA.

O ministro do Interior italiano tinha anunciado esta quarta-feira que Itália decidiu ativar temporariamente os controlos na sua fronteira com a Eslovénia devido aos recentes acontecimentos na Europa e no Médio Oriente, com a decisão a entrar em vigor em 21 de outubro e a durar dez dias.

A decisão foi divulgada pelo ministro italiano ao seu homólogo esloveno, Bostjan Poklukar, citado pela agência de notícias eslovena STA.

O objetivo da medida é “prevenir o terrorismo e o crime organizado”, afirmou o Ministério do Interior esloveno em comunicado, adiantou a STA.

Poklukar sublinhou a necessidade de a mudança ser “temporária e proporcional” para garantir que os “laços de cultura, amizade e familiares das pessoas que vivem ao longo da fronteira” não são perturbados.

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Apesar de a reintrodução de controlos fronteiriços no espaço Schengen só ser permitida em circunstâncias excecionais — como foi, por exemplo, durante a pandemia de Covid-19 — e ter de ser notificada a Bruxelas antes de ser adotada, vários países têm anunciado medidas semelhantes.

Há uma semana, a Polónia, a República Checa e a Áustria decidiram manter, até pelo menos dia 2 de novembro, controlos fronteiriços com a Eslováquia, a fim de combater a migração irregular.

Os três países tinham introduzido a medida em 4 de outubro, inicialmente por 10 dias, mas decidiram prorrogá-la.

A Eslováquia foi alvo recentemente de um aumento no número de migrantes, em grande parte provenientes da Sérvia, através da Hungria, e com destino a países mais ricos da Europa Ocidental.

Entre janeiro e agosto deste ano, 24.500 pessoas entraram ilegalmente no país, ou seja, mais do dobro das 10.900 pessoas registadas durante todo o ano passado.

Em reação às medidas dos seus vizinhos, Bratislava também decidiu adotar controlos na fronteira com a Hungria a partir de 5 de outubro, que prolongou até 3 de novembro.

A Alemanha, para onde se dirigem muitos migrantes, também reforçou, no final de setembro, os controlos na sua fronteira oriental, com a República Checa e a Polónia.

Todos estes países são membros da União Europeia e do espaço Schengen, onde estão oficialmente abolidos os passaportes e os controlos fronteiriços.