O primeiro-ministro libanês alertou esta segunda-feira para os elevados riscos de uma escalada regional da guerra entre Israel e Hamas, e disse estar a tentar evitar que o Líbano entre no conflito.
Najib Mikati admitiu numa entrevista à agência francesa AFP que não podia excluir uma escalada no conflito iniciado há cerca de duas semanas, durante o qual se têm registado trocas de tiros quase diárias na fronteira israelo-libanesa. Mikati advertiu que uma escalada “não afetará apenas o Líbano”.
Receio que uma escalada abranja toda a região e que o caos da insegurança se espalhe por todo o Médio Oriente”, alertou.
O partido fundamentalista Hezbollah, ligado ao Irão e apoiante do Hamas, efetuou grandes bombardeamentos em território israelita durante a guerra de 2006 com Israel e dispõe de um enorme arsenal.
Desde 8 de outubro, o Hezbollah bombardeia posições israelitas perto da fronteira entre os dois países em apoio ao Hamas, a que Israel responde, registando-se baixas dos dois lados.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, reuniu-se em Beirute na semana passada com dirigentes do Hamas e da Jihad Islâmica para coordenarem ações e acompanharem a situação na Faixa de Gaza “numa base diária e permanente”.
Na entrevista à AFP, Najib Mikati disse não estar em condições de dizer se o Hezbollah, com o qual mantém boas relações, deseja uma nova guerra com Israel. “Tudo está ligado à evolução da situação na região”, considerou Mikati.
Até hoje, posso ver que o Hezbollah está a agir de forma sensata e razoável”, mas, ao mesmo tempo, “não posso tranquilizar os libaneses”, acrescentou.
O Hezbollah afirmou no domingo ter abatido um drone (aeronave sem tripulação) de Israel sobre território israelita com um míssil terra-ar. O partido libanês admitiu esta seguda-feira a morte de dois dos seus elementos, elevando para 47 o número total de militantes mortos desde o início do conflito.
Além do Líbano, Israel também tem atacado alvos na Síria em resposta ao disparo de foguetes contra o seu território por parte de grupos aliados do Irão.
A guerra em curso seguiu-se a uma incursão sem precedentes do Hamas em Israel em 7 de outubro, que as autoridades israelitas dizem ter provocado mais de 1.400 mortos. O Hamas também raptou mais de duas centenas de israelitas e estrangeiros que mantém como reféns na Faixa de Gaza, um território com 2,3 milhões de habitantes que controla desde 2007.
Israel tem bombardeado incessantemente a Faixa de Gaza desde então, numa resposta que o Hamas diz ter provocado mais de oito mil mortos. A comunidade internacional tem apelado para uma trégua que permita prestar ajuda humanitária à população civil de Gaza.