O líder trabalhista do Reino Unido, Keir Starmer, defendeu esta terça-feira que “pausas humanitárias” na Faixa de Gaza são a solução mais prática a curto prazo em vez do cessar-fogo defendido por muitos membros do principal partido da oposição britânico.

“Apesar de compreender a razão pela qual alguns apelam a um cessar-fogo, não creio que essa seja a decisão correta neste momento”, afirmou, em declarações aos jornalistas após um discurso esta manhã no Instituto de Relações Internacionais britânico (Chatham House). Um cessar fogo permitiria ao Hamas manter a capacidade de prosseguir com ataques e conservar mais de 200 reféns, além de “negar efetivamente a um Estado soberano a sua autodefesa”, argumentou.

Para aliviar o que está a levar outros a defender um cessar-fogo, as pausas humanitárias para permitir a entrada de ajuda são a solução prática, exequível e viável que pode ser implementada de forma realista num futuro próximo para permitir que isso aconteça”, vincou.

Uma resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) foi aprovada na sexta-feira com 120 votos a favor de cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, a qual que dividiu países da União Europeia.  Os Estados Unidos e Israel votaram contra e o Reino Unido absteve-se.

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ONU apela a um “cessar-fogo humanitário imediato” em Gaza

O discurso de Starmer pretendeu ser uma resposta à crescente insatisfação dentro do partido sobre a posição dos Trabalhistas relativamente ao conflito. Segundo o jornal The Guardian, pelo menos 13 membros do chamado “Governo sombra” defendem um cessar fogo, tal como manifestaram publicamente os presidentes das Câmaras Municipais de Londres, Sadiq Khan, e Manchester, Andy Burnham, e o líder do Partido Trabalhista na Escócia, Anas Sarwar.

Na quinta-feira, o deputado Trabalhista Andy McDonald foi suspenso do grupo parlamentar devido aos comentários feitos durante uma manifestação de apoio à Palestina no passado fim de semana. De acordo com a Sky News, o deputado disse aos presentes: “Não descansaremos enquanto não houver justiça. Até que todos os povos, israelitas e palestinianos, entre o rio e o mar, possam viver em liberdade pacífica”.

O Governo britânico considera que a utilização da expressão “do rio ao mar” — que se refere ao território entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo — pode ser entendida como um apelo ao fim do Estado de Israel.

Também na quinta-feira, o deputado conservador Paul Bristow foi demitido de funções no Ministério da Cultura por ter apelado apelar a um “cessar-fogo permanente” em Gaza e argumentando que os palestinianos estão a ser sujeitos a “punição colectiva” por parte de Israel.