O carvalho de Charles Darwin, como é vulgarmente apelidado, tem os dias contados. E não, não é uma piada sobre evolução, é mesmo o destino de uma árvore majestosa de 550 anos e sete metros de perímetro — que é como quem diz: para ser abraçada precisa dos braços de quatro ou cinco adultos.
Conta-se que, com oito anos, o pequeno Charles Darwin — futuro pai da teoria da evolução —, criado naquela localidade, se teria sentado na sombra da árvore e subido aos seus ramos. Agora, o destino do local é bem mais tumultuoso: o carvalho de Darwin e outras oito árvores centenárias vão dar a vida para a construção de uma estrada que ligará o norte ao oeste da cidade de Shrewsbury, noticiou o jornal The Guardian.
A estrada, orçamentada em mais de 80 milhões de libras (mais de 90 milhões de euros), pretende completar uma via circular em torno da cidade medieval e, de acordo com os defensores do projeto, retirar o trânsito do centro e aumentar o terreno disponível para construção. Pelo caminho, no entanto, vai destruir árvores centenárias, uma zona húmida reconhecida internacionalmente e quatro quilómetros de sebes. Os críticos dizem que a nova estrada vai acabar com um dos últimos vestígios de zona rural que resta em Shrewsbury, onde o pequeno Darwin alimentou a sua curiosidade pela natureza.
Os planos para a construção da estrada têm mais de 30 anos, mas faltava financiamento, que só se concretizou nos últimos anos. Os defensores das árvores centenárias e opositores da construção da estrada começaram a manifestar-se contra o projeto na primeira metade de 2021, mas esta terça-feira foi dada a machada final (ou inicial): comité de planeamento do condado de Shropshire aprovou a construção da nova estrada com seis votos a favor e cinco contra.
A Woodland Trust, uma organização para a proteção das árvores, disse que aprovar a construção da estrada é ignorar a legislação nacional que define que as árvores antigas deveriam ser protegidas, salvo “circunstâncias totalmente excecionais”.
Carvalho polaco é árvore europeia do ano. Eucalipto português em 5.º lugar
