A imprensa germânica dá como certo o facto de a Mercedes estar a preparar uma berlina superdesportiva eléctrica capaz de envergonhar o Porsche Taycan. A base para este modelo a bateria, simultaneamente familiar e possante, será o Vision AMG Concept que foi mostrado pela primeira vez em 2022. Descontando as liberdades estilísticas permitidas pelo seu estatuto de protótipo, trata-se evidentemente de uma berlina com quatro portas e outros tantos lugares (que eventualmente podem ascender a cinco), baixa e com um perfil fluído para maior eficiência aerodinâmica, onde a Mercedes pensa introduzir motores que somem, pelo menos, 1000 cv.
Este Vision AMG Concept dará origem a uma espécie de Mercedes-AMG GT 63 4-Portas, mas desta vez eléctrico, em vez de animado por um motor de combustão, para concorrer directamente o seu rival e conterrâneo Porsche Taycan. De caminho, terá igualmente de enfrentar modelos como o Tesla Model S Plaid e o Lucid Air Grand Touring, sendo estes últimos as berlinas eléctricas mais potentes e rápidas do mercado, o primeiro com 1020 cv e o segundo com 1050 cv, tendo ambos provado o seu maior potencial ao bater folgadamente o Porsche Taycan Turbo S, que não ultrapassa 761 cv.
Porsche-Tesla-Lucid. Qual a berlina eléctrica mais rápida do mundo?
Recentemente, foram revelados novos dados relativos à futura berlina desportiva da Mercedes-AMG que surgirá no mercado em 2025. Curiosamente, quem “arejou” os segredos sobre o modelo não foi a Mercedes, mas sim a Yasa, fabricante de motores eléctricos especializado naqueles do tipo axial, uma alternativa menos usual do que os motores eléctricos radiais que 99,9% dos veículos eléctricos utilizam.
A britânica Yasa, que foi adquirida pela Mercedes em 2021, irá fornecer à nova berlina desportiva os motores eléctricos axiais que, teoricamente, têm vantagens e desvantagens face aos tradicionais motores eléctricos radiais. Estes motores axiais são muito mais pequenos e leves pois, de acordo com o CEO da Yasa, Tim Woolmer, terão apenas 24 kg, mas debitam 480 cv. Este tipo de motorização é conhecido por oferecer mais torque a baixo regime do que por atingir potências mais elevadas a alta rotação, o que levou a Ferrari, por exemplo, a adoptar um motor eléctrico radial acoplado ao V8 biturbo, para incrementar a potência de forma mais generosa, optando por dois motores axiais no eixo dianteiro para complementar a potência e, sobretudo, para circular lentamente em modo eléctrico e agir como estabilizadores do comportamento, graças à vectorização do binário.
Depois de comprar a Yasa, a Mercedes revelou pretender construir uma fábrica nas suas instalações em Berlim para produzir motores axiais. Anunciou, então, que o objectivo era usufruir das vantagens desta tecnologia que, segundo a marca, assegura um ganho de 30% na densidade do torque fornecido e de 5% no incremento de autonomia por diminuição do consumo, vantagens que estão abaixo das expectativas defendidas pelos fabricantes deste tipo de motores eléctricos. E para permitir que a berlina tenha uma altura reduzida, para não comprometer o centro de gravidade e, com ele, o comportamento, a Mercedes vai utilizar um pack de baterias composto por células mais finas graças ao ânodo de silicone, fabricadas pelos norte-americanos da Sila.
Adiantando estar a preparar uma solução com três motores, dois dos quais atrás – uma potencialidade da nova plataforma AMG.EV, que deverá ser a primeira da Mercedes-AMG a não ser adaptada a partir de uma solução desenvolvida para motores de combustão -, Woolmer avançou que a berlina eléctrica deverá possuir um mínimo de 1000 cv. Mas, umas contas rápidas permitem concluir que tem potencial para ultrapassar 1400 cv, que vão ser necessários para se bater com os desportivos a bateria que a Audi e BMW também estão a preparar, apontando para 1300 cv. E será fácil de prever que, tal como a Porsche vai recorrer à tecnologia da Rimac para terminar o Taycan com três motores que está a desenvolver, cuja potência superará igualmente os 1000 cv, também a Tesla e a Lucid, que já montam sistemas com três motores e com tecnologia própria, surgirão a seu tempo com potência acrescida. Uns e outros vão optimizar as soluções técnicas e fazer maravilhas para a indústria automóvel e para a mobilidade eléctrica.