O ministro da Cultura defendeu quarta-feira que o Estado não pode ter cerca de 95% do capital da Lusa sem que tal se traduza numa alteração do modelo de governação da agência de notícias.

“Não pode haver presença do Estado [na Lusa] na ordem dos 95% sem que isso se traduza também numa alteração do modelo de governação [da agência]”, afirmou Pedro Adão e Silva, na Assembleia da República, no debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).

O ministro da Cultura foi questionado pelo grupo parlamentar do PS sobre o já anunciado interesse do Estado em comprar as participações do grupo Bel e da Global Media Group (GMG), liderados por Marco Galinha, na agência de notícias, que perfazem 45,7% do capital, no quadro da entrada de um novo acionista no capital da Global Media — o UCAP Group, uma sociedade gestora de fundos suíça.

“Sabemos pouco sobre esse acionista e acho que é do interesse estratégico para o país que a operação se possa concretizar, com duas ou três condicionantes”, apontou o governante.

Entre as condições está a necessidade de apurar o valor dos capitais próprios da Lusa.

“Em segundo lugar, essa operação não pode ocorrer sem uma alteração do modelo de governação da agência, garantindo desde logo a participação dos principais clientes da agência, que é o setor [da comunicação social]”, acrescentou Adão e Silva.

O ministro disse ainda acreditar que um reforço da relação com os clientes, eventualmente expresso no acordo parassocial, “pode colocar a agência Lusa numa posição muito importante” para ser “um instrumento fundamental para ajudar a comunicação social e o jornalismo”.

Em 4 de agosto, o empresário Marco Galinha confirmou à Lusa que o grupo Bel “vendeu parte da Global Media” a um fundo e que “não parece de interesse estratégico” ter participação na agência de notícias.

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