Provavelmente poucos repararam que muitos veículos eléctricos, como os Tesla, Volkswagen, BMW, Volvo e Polestar, entre outros, estão equipados de série com rádio, mas apenas sintonizam em FM, deixando as emissões em AM de fora. Um estudo recente realizado pelo Center for Automotive Research (CAR) aponta o dedo a esta falha e explica os motivos, uma vez que preparar todos os automóveis eléctricos que se vão comercializar até 2030 para captar AM implicaria um custo adicional de 3,8 mil milhões de dólares (cerca de 3,6 mil milhões de euros), que teriam de ser pagos pelos construtores ou passados para os consumidores.

As emissões em AM e FM são ambas asseguradas por ondas electromagnéticas, mas se as primeiras modulam a amplitude, emitindo entre 535 e 1705 KHz, as segundas fazem variar a frequência e têm um espectro entre 88 e 108 MHz. Daí que o AM seja mais barato e percorra distâncias superiores, enquanto o FM oferece uma melhor qualidade sonora e, embora tenha mais dificuldades em superar barreiras físicas, é menos sujeito a interferências exteriores.

É precisamente a maior sensibilidade das emissões AM ao funcionamento dos motores eléctricos dos automóveis a bateria, que produzem interferência electromagnética, que impede a captação destas emissões. A menos que sejam montados nos veículos protecções dos cabos do rádio, sistemas de redução de ruído e filtros EMI, que reduzem as emissões electromagnéticas.

De acordo com o estudo da CAR, a adopção destes sistemas e protecções para escudar os rádios com AM das emissões electromagnéticas emitidas pelos motores eléctricos irá elevar o preço de cada veículo a bateria fabricado nos próximos sete anos (de 2023 a 2030) entre 50 e 70 dólares, o que aponta para um custo total de 3,8 mil milhões de dólares. Além disso, também o peso desses veículos irá aumentar em cerca de 1 kg com a adopção das novas medidas de protecção, o que seria desprezável não fosse a constante luta dos construtores para poupar uns gramas, tendo em conta que os veículos eléctricos já são muito mais pesados do que os seus concorrentes a combustão.

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