“Aterrando na bonita cidade de Praga para o meu último jogo nas bancadas”. Foi esta a legenda com que José Mourinho acompanhou as duas fotografias que publicou no Instagram antes de cumprir, contra o Slavia Praga, a última partida de castigo nas competições europeias. Talvez as bancadas fossem o sítio certo para estar na altura de celebrar num dia em que a Roma podia assegurar o primeiro lugar do grupo G e o apuramento direto para os oitavos de final. Para isso, era necessário vencer os checos na reedição do duelo anterior dos giallorossi na Liga Europa.

O ritmo de jogos nesta fase da época obriga a um planeamento cuidado. A Roma venceu o Lecce com dois golos na compensação (2-1), regressando às vitórias após uma derrota com Inter (1-0) ter interrompido um ciclo de cinco vitórias consecutivas. À parte, deste jogo com o Slavia Praga, já existem olhos postos no dérbi da capital italiana entre os giallorossi e a Lázio. Os biancocelesti jogaram na Liga dos Campeões, diante do Feyenoord (1-0), dois dias antes dos rivais e, por isso, o treinador Maurizio Sarri comentou o facto de ter mais tempo para recuperar o plantel até ao duelo da Serie A.

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Lukaku é o verdadeiro pára-quedas de Mourinho em dias de queda livre: Roma vence com dois golos nos descontos

“É verdade que teremos mais tempo de descanso antes do dérbi, mas não é menos verdade que a Roma vai disputar uma espécie de amigável na quinta-feira, enquanto nós tivemos uma guerra desportiva esta noite”, disse o técnico italiano. “Creio que há uma diferença fundamental. Se me perguntarem se é inteligente colocar o dérbi numa semana em que se joga na Europa, digo-vos que não, isto tudo poderia ter sido diferente. Ainda assim, a Roma conta com uma fase de grupos em que pode dar-se ao luxo de manter parte da equipa de fora”.

Mourinho não gostou do que ouviu e respondeu. “Penso que se alguém se tem que sentir ofendido com as declarações são os adeptos do Slavia, não eu. É como se ele tivesse dito que o Slavia é uma equipa sem qualidade, eu respeito sempre os meus adversários. Talvez seja diferença entre um treinador que conquistou 26 títulos e outro que ganhou apenas dois. A nossa mentalidade é esta: todos os jogos são sérios, têm de ser disputados e não há particulares”, disse o português.

A liderança isolada no grupo G levou a que, apesar de tudo, Mourinho tivesse margem para fazer mudanças nas escolhas iniciais tendo em conta a sobrecarga de jogos. No entanto, as trocas do técnico não foram em número suficiente para enfraquecer ou desvirtuar o poder de fogo da equipa 100% vitoriosa na Liga Europa. A Roma alterou apenas quatro jogadores em relação ao onze apresentado na última jornada da Serie A. Uma dessas alterações foi a saída de Rui Patrício para ceder o lugar na baliza ao ex-Benfica Mile Svilar. As outras novidades no onze foram Çelik, Paredes e Belotti.

Sem um lateral esquerdo tradicional, a Roma usou Evan Ndicka mais descaído sobre a esquerda. El Shaarawy apesar das características ofensivas, recuava sempre que necessário para marcar o lateral adversário. A projeção constante de David Doudera era benéfica para o Slavia, pois, mesmo que a bola não entrasse no corredor, o posicionamento do jogador checo retirava automaticamente um homem giallorossi das iniciativas de contra-ataque. As bolas longas na procura dos avançados, Lukaku e Belotti, foram uma constante na equipa de José Mourinho.

O posicionamento defensivo no lado esquerdo mostrou-se algo indefinido. Nos espaços que nasciam a partir do atraso em alguns ajustamentos, o médio norueguês, Christos Zafeiris, cruzou para Mojmir Chytil rodar sobre Çelik e, em esforço, atirou por cima, desperdiçando a boa posição que tinha conquistado. Foi esta a única oportunidade de uma primeira parte que deixou a desejar e que chegou ao fim de forma bastante quezilenta.

Apesar do bloqueio praticamente total que as duas equipas montaram uma à outra, o Slavia Praga chegava com mais eficiência ao último terço. Após uns primeiros 45 minutos em que a equipa treinada por Jindrich Trpisovsky atacou maioritariamente pelo lado esquerdo, o mais frágil da Roma, José Mourinho lançou Karsdorp para atuar como lateral-direito e colocou Çelik no flanco canhoto, retirando do encontro um exposto El Shaarawy. Os checos foram rápidos a adaptar-se e até conseguiram chegar ao golo. Lukas Provod cruzou, Masopust cabeceou para uma grande defesa de Svilar, mas a ressaca acabou nos pés de Vaclav Jurecka (50′) que, assistido por Mojmir Chytil, finalizou.

A resposta da Roma chegou por Belotti e, mais tarde, por Paulo Dybala. No entanto, o Slavia continuava a ser mais perigoso. Se Mojmir Chytil, bateu nas orelhas da bola na ocasião que teve para alargar a vantagem, Masopust (74′) acertou em cheio o remate que Svilar não conseguiu travar. A primeira reação de Mourinho foi colocar em jogo Renato Sanches que realizou o segundo jogo consecutivo a saltar do banco após ter regressado de lesão. O treinador do emblema da capital de Itália lançou ainda outro compatriota. O jovem português de 18 anos, João Gabriel Costa, estreou-se na equipa principal da Roma não conseguindo influenciar o resultado (2-0).

Os italianos, mesmo a perderem, até chegaram a estar virtualmente apurado graças ao empate que se verificava perto do fim no Servette-Sheriff. Um golo dos suíços nos últimos instantes, fez com que a Roma visse a qualificação para os quartos de final ser adiada. A equipa de Mourinho é ultrapassada pelo Slavia que ocupa agora o primeiro lugar do grupo, embora os dois conjuntos se encontrem com os mesmos nove pontos. O Sheriff já não tem condições de seguir em frente.