O ministro da Administração Interna é também um dos candidatos à liderança do PS e não tenciona abandonar o cargo no Governo devido a esta dupla condição, pelo menos por agora. Quando questionado sobre essa hipótese, José Luís Carneiro empurra a decisão para “tempo oportuno” e jura respeitar a “ética republicana”.
“No tempo oportuno, tudo será decidido com os valores da ética republicana”, respondeu ao Observador quando questionado sobre se tenciona sair do Governo já nesta fase em que se candidata à liderança do PS.
Existe, no entanto, outra questão. Como o próprio disse mal assumiu a candidatura, está na rota de poder ser o candidato do PS às legislativas e o seu Ministério tutela a administração eleitoral. Quando questionado sobre esta situação, o socialista responde prontamente: “A competência sobre a administração eleitoral está delegada na secretária de Estado Isabel Oneto”. O que indicia que mesmo essa questão já está acautelada.
Por agora, Carneiro mantém-se em funções como ministro e não parece estar a pensar sair, argumentando com os seus mais próximos com a existência de “assuntos de grande responsabilidade” que ainda quer fechar na área que tutela. Até dezembro este Governo vai manter-se em plenitude de funções, depois de o Presidente da República ter decidido adiar o momento da publicação dos decretos de demissão e de dissolução em Diário da República para permitir que o Orçamento do Estado para 2024 seja aprovado e também para dar tempo ao PS para se reorganizar internamente, ou seja, para eleger um novo líder.
Entretanto, Carneiro avançará em dois carris, no de ministro e no de candidato à liderança do PS. Ainda esta manhã, esteve na cerimónia de consignação da obra de reabilitação do quartel do destacamento e posto territorial da Guarda Nacional Republicana em Coruche, foi abordado pelos jornalistas mas não quis falar sobre temas partidários: “Não me devo pronunciar sobre questões partidárias”.
A ideia do ministro é manter-se em funções fazendo a separação entre as duas funções e no seu círculo mais próximo é dado como exemplo um primeiro-ministro em funções que se recandidata ao cargo, fazendo campanha ao mesmo tempo que governa.