A Rússia realizou ataques com mísseis contra a região de Donetsk e Zaporijia que atingiram edifícios habitacionais e causaram mortos e feridos, incluindo entre as equipas de resgate, adiantou esta quarta-feira o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

Um ataque russo com quatro mísseis em Selydove, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia atingiu edifícios residenciais, com a destruição de mais de 20 casas, realçou o governante ucraniano, no seu habitual discurso noturno dirigido à nação e divulgado nas redes sociais.

Relatando um “dia difícil”, Volodymyr Zelensky frisou que neste ataque russo, que decorreu na madrugada desta quarta-feira em Donetsk, existem mortos e “provavelmente há pessoas sob os escombros”.

“Os escombros estiveram a ser removidos durante todo o dia. Todos os feridos receberam a assistência necessária”, garantiu.

O chefe de Estado ucraniano revelou ainda outro ataque russo contra a região de Zaporijia, também com mísseis.

Entre os mortos estão equipes de resgate. Estes chegaram ao local após o primeiro golpe e começaram a ajudar. E então houve um segundo ataque. As minhas condolências a todos aqueles cujos familiares e amigos foram mortos pelo terror russo”, destacou o governante.

Zelensky frisou ainda que a defesa ucraniana continua a ser uma “prioridade máxima”.

O Presidente da Ucrânia tinha alertado na terça-feira que o Exército ucraniano está a enfrentar um “aumento do número de ataques” russos no leste do país, em particular em torno da cidade disputada de Avdiïvka.

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As tropas de Moscovo tentam desde há um mês cercar esta cidade industrial que se tornou um dos pontos críticos do conflito, um esforço russo que se segue a meses de ofensivas ucranianas que não permitiram a Kiev libertar os territórios ocupados.

A linha da frente oriental está no mesmo sítio praticamente há um ano, apesar de Zelensky, de um lado, e o Kremlin (Presidência russa), do outro, garantirem que a guerra não se encontra num impasse.

O Institute for the Study of War (ISW), um centro de análise com sede nos Estados Unidos, indicou na segunda-feira no seu mais recente relatório que “as forças russas prosseguiram as suas operações ofensivas perto de Avdiïvka a 13 de novembro e obtiveram avanços confirmados”.

A Ucrânia reconheceu recentemente o fracasso da sua contraofensiva lançada em junho passado, que deparou com sólidas defesas russas, mas precisa urgentemente de ganhar terreno, para evitar o efeito de cansaço dos seus aliados ocidentais perante um conflito que se arrasta há quase dois anos.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro de 2022 uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, de acordo com dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e fez nos últimos 20 meses um elevado número de vítimas não só militares como também civis, impossíveis de contabilizar enquanto o conflito decorrer.

A invasão — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.