A participar nas cerimónias de celebração dos 50 anos de independência da Guiné-Bissau, Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas esta quinta-feira e atribuiu a António Costa a iniciativa de chamar Lucília Gago a Belém no dia 7 de outubro. “O senhor primeiro-ministro já esclareceu que pediu para eu pedir o encontro à senhora procuradora-geral da República. Mais do que isso não posso dizer”, afirmou o Presidente da República, após ter sido questionado diretamente sobre quem incitou o encontro e qual o seu enquadramento.

O Presidente da República atribui, assim, a responsabilidade de iniciativa do encontro com Lucília Gago ao primeiro-ministro demissionário. E vai mais longe ao afirmar que foi o próprio António Costa a admitir em público que partiu de si o pedido para que Marcelo falasse com a procuradora-geral da República.

Em declarações aos jornalistas no país africano, o Presidente esclareceu ainda os motivos pelos quais não tem surgido mais vezes junto a António Costa na visita oficial em que os dois estão a participar. Garante que se trata de “uma mera questão protocolar, quer nas mesas de refeições, quer na tribuna”, uma vez que os vários Presidentes da República ocupam um lugar cimeiro em relação aos chefes de Governo.

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Marcelo Rebelo de Sousa evidenciou também que, só esta semana, esteve com António Costa, primeiro-ministro demissionário, “dois dias seguidos para uma reunião muito longa e uma tomada posse muito curta”. E garantiu: “Tudo o que se passou aqui passa-se em Portugal, não há nada montado cenicamente para a Guiné-Bissau.”

O Presidente sublinhou que o relacionamento com o primeiro-ministro “é exatamente o mesmo em termos pessoais e institucionais”. Questionado várias vezes sobre polémicas recentes, como a intervenção de Augusto Santos Silva a pedir a celeridade do processo, Marcelo garantiu que “não fala mais para não demonstrar uma tomada de posição em relação a A,B ou C”.

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Marcelo assinalou ainda a mudança radical da situação governativa em Portugal e a forma como o apanhou de surpresa. “No dia 6, não imaginaria que estou onde estou hoje”, disse, manifestando que tinha a intenção de que o cenário pré-demissão de António Costa se “pudesse viver de uma forma mais prolongada no tempo”.

“Não comento nada do que foi dito sobre o passado recente ou o futuro próximo”, referiu também o Presidente, que assinala o fim de um ciclo na História portuguesa. Marcelo garante que a sua prioridade atual é “ouvir o povo português” e que o pior que podia fazer “era ser um interveniente num debate que terá outros protagonistas”.