Já aqui lhe tínhamos dito quase tudo sobre o novo Volkswagen ID.7, o mais recente eléctrico da marca germânica. Como pode ler em baixo, tem por base a habitual plataforma para modelos a bateria, a MEB, que aqui surge com o maior comprimento até ao momento (4,961 metros) e a segunda maior distância entre eixos (2,971 m), sendo apenas batida pelo furgão ID. Buzz (2,989 m).
As dimensões são mesmo um dos aspectos que mais favorece o ID.7, uma vez que o denominado Passat eléctrico é 18,8 cm mais comprido do que o último Passat com motor de combustão, beneficiando ainda de mais 18,5 cm na distância entre eixos, sendo esta a dimensão que tem um reflexo directo no espaço para as pernas de quem se senta no banco posterior.
286 cv e até 621 km de autonomia. Volkswagen revelou o ID.7 Pro
Com uma estética em linha com os eléctricos mais pequenos da Volkswagen, o ID.7 possui uma frente afilada similar à que caracteriza o ID.4 e o ID.5, mas aqui aliada a uma carroçaria com formas esguias e elegantes, revelando uma maior preocupação com a aerodinâmica, o que explica um Cx de somente 0,23, longe dos 0,28 do ID.4. Outro trunfo esgrimido pelo ID.7 é a sua carroçaria de cinco portas, em vez das apenas quatro do Passat, com o grande portão traseiro a assegurar maior versatilidade e o acesso a uma mala com 532 litros (que se pode alargar a 1586), contra 586 litros do Passat, valor que cai para 402 no Passat GTE, a versão híbrida plug-in.
Muito maior por fora e… por dentro
Se visto de fora o ID.7 agrada, foi quando entrámos a bordo que ficámos cativados pela berlina de cinco portas alemã a bateria. O espaço é enorme, sendo esta vantagem ainda mais evidente para os três ocupantes do assento traseiro, cujo espaço para as pernas passa a ser a referência deste segmento D, em que o Passat sempre se inseriu. Em grande parte, este incremento da habitabilidade fica a dever-se ao facto de o ID.7 ter mais quase 19 cm em comprimento e na distância entre eixos, o que coloca o comprimento total nos 4,96 metros, em vez dos 4,77 metros do Passat, que continua a ser o standard do segmento D.
Ao atirar-se para uma bitola de quase 5 metros, o ID.7 deixa para trás rivais directos como o Model 3 da Tesla (4,72 m) e o i4 da BMW (4,78 m), passando a bater-se com modelos do segmento acima, o E, como o Mercedes EQE (4,94 m) e o BMW i5 (5,06 m). Se esta estratégia é boa para o cliente, uma vez que vai ter mais carro e mais espaço para um segmento D, irá potencialmente penalizar a Volkswagen em termos de peso e de preço, critérios que analisaremos mais à frente.
Com menos 10 cm de comprimento do que o Phaeton (4,96 contra 5,06 metros), mais 9 cm entre eixos do que este que é o maior Volkswagen da história e mais 5 cm em altura do que o Passat a combustão, é fácil aceder a bordo do ID.7, tanto à frente como atrás, sem ter de baixar a cabeça em demasia. Uma vez sentados a bordo e apesar da linha fluída do tejadilho, há uma altura generosa para a cabeça, com o espaço ao nível dos ombros também a nos parecer maior, tanto mais que este novo Passat eléctrico é 3 cm mais largo do que o mais recente Passat a combustão.
Bem isolado e, simultaneamente, confortável e desportivo
Os primeiros quilómetros ao volante confirmaram a maior qualidade dos materiais, bem acima do que encontramos nos ID.4 e ID.5, da mesma forma que o cuidado colocado nos acabamentos nos pareceu mais refinado, sendo este um dos veículos eléctricos que mais nos impressionou neste domínio. Os bancos são bons, conseguindo um equilíbrio entre conforto e apoio lateral para tronco e pernas, com o condutor a ter à sua frente um (muito) pequeno painel de instrumentos, complementado pelo head-up display da Volkswagen, que recorre a realidade aumentada. A meio do tablier surge o ecrã central que assegura o controlo de todas as funções do veículo, recorrendo a um novo software que nos pareceu melhor do que o que equipa os outros modelos da marca (e do grupo), embora não esteja ainda à altura da concorrência.
Se o isolamento sonoro cativa, o conforto não lhe fica atrás, o que é sobretudo devido às novas fixações do eixo traseiro ao chassi, bem como às novas válvulas dos amortecedores adaptáveis, as mesmas que asseguram diferentes graus de “dureza” associados aos distintos modos de condução. Permitindo agora um maior distanciamento entre o modo mais confortável e o mais desportivo, o ID.7 deu provas de digerir melhor os pisos menos regulares, para depois se tornar mais “duro” quando se pretende adoptar uma condução mais rápida e desportiva. A direcção progressiva foi revista na desmultiplicação e está funcional, um pouco como os travões, apesar da marca insistir em montar tambores atrás num veículo deste segmento e, para mais, pesado por ser eléctrico a bateria.
Para já com um motor atrás, mas rápido e bem-comportado
O novo Volkswagen ID.7 já está disponível para encomenda em Portugal, com as primeiras unidades agendadas para chegar ao nosso país durante a primeira quinzena de Janeiro de 2024. De momento, só está disponível no site da marca a versão Pro, apesar da Pro S também estar prevista para breve, com mais equipamento e por apenas mais cerca de 1000€.
Os primeiros ID.7 a chegar aos condutores portugueses recorrem a apenas um motor, instalado no eixo traseiro, alimentado por uma bateria com 82 kWh brutos (77 kWh úteis). A unidade motriz em questão é de nova geração, a garantir um menor consumo, e desenvolve 286 cv e 550 Nm de binário, valor mais que suficiente para manter um ritmo de condução elevado, apesar de não ser esta a versão mais desportiva do ID.7, a qual surgirá posteriormente.
Embora seja cerca de 600 kg mais pesado do que a geração do Passat, não só devido ao peso da bateria, como também pelas maiores dimensões, o ID.7 transmite a sensação de ser muito sólido, sem ruídos parasitas e revelando um comportamento eficiente e equilibrado, como é habitual nos eléctricos, que têm a bateria em baixo e colocada no centro da plataforma, distribuindo de forma ideal o peso pelos dois eixos.
Para termos uma ideia da agilidade da nova berlina a bateria, o ID.7 que está actualmente disponível puxa 2172 kg com os anunciados 286 cv, o que lhe assegura uma relação peso/potência de 7,59 kg/cv. Este é um valor interessante, especialmente se o compararmos com a versão mais potente do Passat a combustão, equipada com o motor 2.0 TSI a gasolina com 190 cv, com um peso de apenas 1570 kg, modelo que tinha uma relação peso/potência de apenas 8,26 kg/cv, o que explica que o Passat R-Line anunciasse 0-1000 km/h em 7,5 segundos, contra 6,5 segundos do ID.7. Já a velocidade máxima favorece decididamente a berlina a gasolina, que reivindicava 238 km/h, enquanto o familiar eléctrico está limitado a 180 km/h, para não beliscar excessivamente a autonomia da bateria.
Boa autonomia e preço elevado. O melhor está para vir
O ID.7 Pro, com 286 cv e bateria com 77 kWh úteis de capacidade, anuncia uma autonomia de 620 km, de acordo com o método WLTP. No percurso que realizámos, que incluiu pouca cidade – de longe a situação que mais favorece a autonomia de um eléctrico –, alguma estrada e sobretudo auto-estrada, conseguimos um consumo médio de 17,3 kWh/100 km em condições reais de utilização, um valor médio interessante face à concorrência, mas acima dos 12,4 kWh anunciados pelo fabricante alemão. Com a “nossa” média de consumo, o ID.7 Pro atingiria uma autonomia de 445 km, valor que deveria aproximar-se dos 480 a 500 km caso o trajecto tivesse menos auto-estrada e mais cidade. De realçar ainda que o ID.7 Pro que anuncia 620 km entre carregamentos monta jantes de 19”, enquanto a unidade que conduzimos estava equipada com jantes 20”, o que reduz a autonomia para 602 km.
Mas o melhor do ID.7 está para vir, uma vez que a marca irá lançar versões com dois motores, o que conferirá não só maior capacidade de aceleração, como a maior eficácia da tracção integral. A Volkswagen ainda não avançou com valores, mas no mínimo o ID.7 GTX (assim se denominam as versões com dois motores na marca germânica) deverá recorrer à mesma mecânica do ID.5 GTX, que monta o mesmo motor com 286 cv atrás, para à frente surgir uma unidade com 109 cv, o que coloca a potência acumulada nos 340 cv.
Além da versão com dois motores, o ID.7 vai igualmente oferecer uma versão com uma bateria maior, com 91 kWh brutos e 86 kWh úteis, o que permitirá elevar a autonomia em WLTP para uns muito respeitáveis 700 km. Este incremento de 11,7% na capacidade útil irá colocar a berlina eléctrica entre os melhores do segmento.
O ID.7 Pro está a ser comercializado a partir de 59.911€, um valor que se pode considerar em linha com outras propostas eléctricas da Volkswagen como o ID.5 Pro Performance, que recorre à mesma bateria e um motor com 204 cv, proposto por 55.132€. Contudo, não só coloca a nova berlina eléctrica bem abaixo do líder do segmento, o Model 3 da Tesla (Standard Range RWD por 39.900€, com 283 cv e 553 km, ou o Long Range AWD por 48.990€, com 351 cv e 629 km), como do próprio BMW i4 Gran Coupé (i4 eDrive 35 por 56.900€, com 286 cv, 483 km de autonomia, ou o i4 eDrive 40 por 64.100€, com 340 cv e 589 km).