O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse esta segunda-feira, em Leiria, que o maior desafio que o país enfrenta é uma procura externa “menos dinâmica do que em muitas crises”.

“O maior desafio que temos hoje é que enfrentamos uma procura externa para a economia portuguesa que é muito menos dinâmica do que em muitas crises ou períodos anteriores nos últimos 15 anos”, afirmou Mário Centeno, referindo que, “quando um país como Portugal, com uma pequena economia aberta, enfrenta uma desaceleração da procura externa, a economia sofre”.

Numa intervenção sobre os desafios da economia portuguesa, na abertura de mais uma edição da Semana de Moldes, o governador declarou que o maior desafio “não é a inflação”.

“Posso até dizer que nem sequer é o nível da taxa de juro”, declarou, explicando que a economia portuguesa em desaceleração “continua a crescer, com base nas exportações e no investimento”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para Mário Centeno, “esta é a melhor garantia para o futuro de uma economia, crescer a partir do investimento e das exportações, não do consumo”.

“E Portugal fez isso nos últimos 10 anos, para que em 2022 as exportações correspondessem a 50% do PIB [Produto Interno Bruto]”, adiantou, notando que “há 15 anos representavam 30%, hoje são mais de 50%”.

Contudo, salientou que, “quando um país como Portugal, com uma pequena economia aberta, enfrenta uma desaceleração da procura externa, a economia sofre”.

“(…) A procura externa em média, em 2023, 2024 e 2025, deverá crescer 1,7%. Esta é a expectativa. E digo apenas 1,7, porque se compararmos com a mesma variável durante o Programa de Ajustamento, o período muito difícil de 2012 a 2014, o mesmo número foi de 2,8%”, 1,1 pontos percentuais acima, precisou.

Segundo Centeno, o país esteve “perante uma procura externa muito mais dinâmica, mesmo num período em que o Euro estava em recessão”, e no período de pré pandemia.

“De 2016 a 2019, a procura externa aumentou 3,4%, o dobro do número que esperamos, que prevemos, que seja o nosso aumento da procura externa nos próximos três anos”, disse, reiterando que “isto é um desafio para uma pequena economia aberta”.

Na intervenção, em que lembrou a crise decorrente da pandemia de Covid-19 e como o país a ultrapassou, destacou ainda a evolução no âmbito da educação, classificando-a como “revolução silenciosa”.

“Pela primeira vez em 900 anos, estamos a aproximar-nos ao nível da educação escolar dos nossos parceiros europeus”, adiantou.

Segundo Centeno, os últimos números disponíveis, de 2022, indicam que 85% dos jovens entre os 19 e 24 anos entram no mercado de trabalho pelo menos com o ensino secundário, considerando este um “indicador chave para a economia, para a sociedade” e para o país “poder ser ambicioso”.

A Semana de Moldes, que termina na sexta-feira, é uma organização do Centimfe — Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos, Cefamol — Associação Nacional da Indústria de Moldes e da Pool-Net — Portuguese Tooling & Plastics Network, decorrendo entre Marinha Grande e Oliveira de Azeméis.