A situação do Manchester City é parecida à de quem se porta bem dentro do campo e não sabe se vai receber prendas no Natal. Do ponto de vista desportivo, os citizens chegavam à jornada 13 na liderança do campeonato, mas numa situação altamente incómoda. Em fevereiro, a Premier League fez mais de 100 acusações por, alegadamente, entre 2009 e 2018, o clube ter escondido detalhes das contas e desrespeitado o fair-play financeiro. Como penalização, o Manchester City pode enfrentar uma descida à League One, o terceiro escalão do futebol inglês.

A questão levantou-se em Inglaterra, porque o Everton foi penalizado com uma dedução de dez pontos por motivos semelhantes. No entanto, as acusações que o Manchester City enfrenta são mais graves e podem mesmo envolver um castigo mais pesado. Por isso, ainda que o desempenho dos citizens dentro do campo seja imaculado, o que se segue  é uma incógnita. Quanto ao futuro, Pep Guardiola, depois de ter vencido tudo em Inglaterra, tem preparado paulatinamente a saída do clube no final do contrato, em 2025. De qualquer forma, o técnico espanhol aponta à permanência, caso a equipa cai na League One.

“Há mais hipóteses de permanecer se estivermos na League One do que se estivermos na Liga dos Campeões”, comentou Guardiola que apelou a que se dê tempo à investigação. “Vocês [jornalistas] estão-me a fazer perguntas como se tivéssemos sido punidos. Neste momento, somos inocentes até prova em contrário”, continuou o treinador do Manchester City, clube que em 2020 foi penalizado com dois anos de ausência das provas da UEFA, castigo que acabou por nunca cumprir graças ao recurso apresentado. “Estamos sob escrutínio e sou um grande fã de seguir as regras corretamente. Quem fizer algo de errado, deve ser punido”.

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Para discutir a liderança da Premier League com o Liverpool, Guardiola também tinha questões técnicas para gerir. Erling Haaland, com problemas físicos no tornozelo, aumentava o lote de incógnitas, onde Matheus Nunes também estava incluído. Por seu lado, os reds, a precisarem de anular a distância de um ponto para o rival, voltavam a poder contar com Alexis Mac Allister, após castigo, e toda a ajuda é pouca para defrontar “a equipa mais forte do mundo nos últimos anos”, como descreveu Jurgen Klopp. “Não há nada que eu possa dizer que os torne mais fracos”, afirmou o treinador do Liverpool. “Lembro-me do que senti na época passada antes do jogo contra o Manchester City. Não estava muito otimista. Agora, parece que estamos um pouco mais próximos, mas ainda é preciso vencer as batalhas decisivas em campo, é preciso sermos compactos e estarmos no topo”.

Haaland acabou por ser titular no Manchester City assim como Rúben Dias e Bernardo Silva. Por outro lado, Matheus Nunes não integrou o lote de convocados. No Liverpool, Diogo Jota foi titular num ataque que também contou com Darwin Núñez. Luis Díaz ficou no banco de suplentes.

O Manchester City entrou a querer manter o jogo no meio-campo do Liverpool. Sabendo que os reds não se desfazem da bola facilmente, a equipa de Guardiola focou-se no momento da pressão e da transição defensiva. Foi partindo dos momentos em que recuperavam a bola, com os jogadores de Klopp posicionados para atacar, que os citizens começaram a causar perigo. Com lances que descobriam definição após um número reduzidos de passes os líderes da Premier League entraram a asfixiar a baliza de Alisson.

O golo inaugural de Haaland (27′) não podia ter sido um melhor exemplo da estratégia do Manchester City. É verdade que o erro do guarda-redes do Liverpool, Alisson, que vacilou bastante com a bola nos pés, facilitou, mas a forma acutilante como Aké tirou dois adversários do caminho e procurou a ligação vertical com o norueguês ficou na retina. Além de colocar o Manchester City em vantagem, Haaland, ao fim de 48 jogos, tornou-se no jogador mais rápido de sempre a chegar aos 50 golos na Premier League.

O Liverpool reagiu, aproveitando alguns lapsos na pressão do Manchester City, para atacar uma linha defensiva desorganizada. Ainda assim, Phil Foden e Doku não deixavam os reds arriscarem muito mais sob pena de terem os extremos a criarem perigo na outra área. Alisson continuava a facilitar. Na saída a um cruzamento, o guarda-redes brasileiro deixou escapar a bola entre as mão e Rúben Dias marcou. Valeu ao Liverpool que o golo foi anulado por uma falta ligeira de Akanji na pequena área. Num lance imediatamente a seguir, Rodri, em boa posição dentro da área, cabeceou por cima. Na resposta, o Liverpool acabou por chegar ao 1-1. Trent Alexander-Arnold (80′) subiu no flanco direito, Salah assistiu o lateral e este rematou cruzado para o fundo da baliza de Ederson.

O golo caiu mal ao Manchester City que, pela pressa com que tentou pôr o jogo a correr nos minutos finais, queria levar a vitória. Apesar do esforço, o empate acabaria por prevalecer, mantendo as duas equipas separadas por um ponto na classificação e dando possibilidade a que o Arsenal possa subir à liderança da Premier League.