A modalidade “compre agora, pague depois” induz os consumidores a perderem noção dos gastos, com 36% dos portugueses inquiridos num estudo a ficarem “surpreendidos” com os valores que se acumulam, adiantou a Intrum.
No estudo, levado a cabo pela Intrum, a entidade disse que “milhões de consumidores em toda a Europa estão a perder a noção dos gastos mensais e das despesas domésticas, uma vez que quase metade (45%) dos consumidores admite ter sido apanhado de surpresa com a acumulação das suas subscrições sem se aperceberem. Em Portugal esta média é de 36%”, destacou.
“À medida que a inflação ultrapassa o crescimento salarial, os consumidores veem-se com menos dinheiro no bolso”, salientou a entidade, num comunicado, destacando que “os serviços baseados em assinaturas, que permitem aos consumidores repartir o custo dos bens e serviços, embora convenientes, estão a lançar ‘mais lenha para o fogo’ que provoca o ‘Subscription creep’, dado que os pagamentos mensais acumulados das compras online tornam mais difícil fazer face às pressões do custo de vida”.
O estudo deu ainda conta de que “são predominantemente os consumidores mais jovens — Geração Z e Millennials — que são mais surpreendidos pelos compromissos que assumiram com serviços de subscrição”.
Segundo a Intrum, “a Geração Z também tem maior probabilidade de permanecer no topo da modalidade BNPL (Compra Agora, Pague Depois)”.
O estudo revela ainda que “a Geração Z é significativamente menos propensa a descrever-se como forte no acompanhamento de onde está a gastar o seu dinheiro — 61% geração Z vs. 59% Milleniuns e 54% Boomers, respetivamente”.
Por outro lado, “o crescimento das soluções de crédito ‘compre agora, pague depois’, que permitem aos consumidores contrair dívidas no ponto de venda, também está a ter um impacto significativo”, destacou, salientando que “seis em cada dez consumidores portugueses (59%) admitem ter dificuldade em acompanhar as compras buy-now/pay-later que fazem durante um mês normal, o que coloca Portugal no topo do ranking, seguido da Grécia (55%) e França (52%), valores muito acima da média europeia (35%)”.
Além disso, “após o inquérito realizado, 25% dos consumidores portugueses afirma ter menos visibilidade dos empréstimos de curto prazo (por exemplo, cartões de crédito e empréstimos instantâneos) do que há 12 meses. Valor em linha com a média europeia (23%)”.
O relatório European Consumer Payment baseia-se num inquérito externo realizado simultaneamente em 20 países na Europa, incluindo Portugal, com um total de 20.000 consumidores a participarem nesta edição de 2023. O inquérito foi realizado entre julho e setembro deste ano.