Governo deverá mesmo avançar com a compra das participações de Global Media, que detém o Diário de Notícias, Jornal de Notícias e a TSF, na Agência Lusa. O Observador sabe que a direção do PSD foi informada pelo Governo de que o negócio seria concluído e que os sociais-democratas se opuserem à decisão, por entenderem que, dada a sensibilidade da matéria, este Executivo, uma vez que está na prática demissionário, não tem condições para levar em diante a operação.

Atualmente, o Estado detém 50,15% da Lusa, com a Global Media a ser detentora de 23,36% e a Páginas Civilizadas 22,35%. O fundo suíço Union Capital Group (UCAP Group) controla a maioria (51%) do capital da Páginas Civilizadas, a qual detém 41,5% da Global Media.

Recorde-se que, a 15 de novembro, o empresário Marco Galinha, líder do Grupo Bel, deixou a presidência executiva da Global Media Group, depois de ter vendido a maioria do capital da participada Páginas Civilizadas. Estas duas empresas — a GMG e a Páginas Civilizadas — detêm 23,35% e 22,35%, respetivamente da Agência Lusa.

Marco Galinha, hoje já na qualidade de chairman da Global Media, já há muito tinha tornado pública a intenção de vender as participações na Agência Lusa, por entender que tinha deixado de ser uma área estratégica de investimento. Segundo contava o Expresso no final de setembro, o Governo socialista decidiu avaliar a compra dos tais 45,7% para acautelar o risco de ver um fundo estrangeiro, por exemplo, a ficar uma parte tão relevante da agência de notícias portuguesa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Esta quarta-feira, em entrevista à Lusa, Galinha dizia estar confiante de que o negócio ia estar concluído em breve. “Diria que não vai haver qualquer razão para preocupação, as coisas estão muito bem encaminhadas”, afirmou. Segundo apurou o Observador, a venda das participações da Global Media e da Páginas Civilizadas na Lusa pode ir esta quarta-feira a Conselho de Ministros.

Na altura, ao mesmo jornal Expresso, fonte do Governo explicava que ia tentar obter o acordo do PSD para evitar que a operação fosse lida como uma forma de condicionamento político da Agência Lusa. Agora, e apesar de os sociais-democratas se terem oposto à concretização do negócio, o Executivo socialista prepara-se para completar a aquisição das participações de Marco Galinha.

Fonte do Ministério da Cultura liderado por Pedro Adão e Silva explicava então que o negócio implicaria “necessariamente uma revisão do modelo de governação da agência”, de modo a garantir que não existiria “nenhum risco de interferência política na sua independência editorial”.

*Artigo corrigido às 16h20 com informações sobre as participações da GMG e da Páginas Civilizadas na Lusa