Os membros da realeza são mestres na arte de fazer diplomacia com o vestuário. Contudo, isto cabe habitualmente às senhoras, no que toca a usar cores de bandeiras, repetição de indumentárias ou escolha de joias com história. Desta vez, é o próprio Carlos III o protagonista da notícia por ter usado uma gravata com um padrão com a bandeira grega, numa altura em que o Reino Unido e a Grécia discutem a devolução de esculturas do templo grego Parthenón a Atenas.

O Rei foi uma das personalidades em destaque, esta sexta-feira, na COP28, que decorre no Dubai, e coube-lhe um dos discursos de abertura. Ao longo de todo o dia, o Carlos complementou o seu fato cinzento claro com uma gravata cujo padrão consistia numa repetição da bandeira grega. Pode ser apenas inspiração, mas a imagem não deixa dúvidas de que é a bandeira azul e branca que está no centro deste padrão.

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O Rei Carlos III na fotografia de grupo, no primeiro dia da COP28, no Dubai

Coincidência ou não, a escolha da gravata do Rei acontece numa altura em que os governos do Reino Unido e da Grécia mantêm há uma semana uma discussão sobre o regresso à Grécia de esculturas do templo Parthenón. As esculturas em causa têm nome próprio, são os Mármores de Elgin, e estão no British Museum.

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Sunak é contra a devolução das esculturas e na passada segunda-feira o primeiro-ministro britânico tinha encontro marcado com o seu homólogo grego, Kyriakos Mitsotakis, mas cancelou a sua presença à última hora, depois de o primeiro-ministro grego dizer que queria incluir nos temas a discutir a devolução das esculturas à Grécia. O primeiro-ministro grego também deu uma entrevista à BBC na qual disse que manter os mármores no British Museum era como ter a Mona Lisa cortada ao meio. O líder da oposição britânico, Keir Starmer, criticou a decisão de Sunak de cancelar a reunião por entender que se tratou de uma forma de “humilhar” um importante aliado europeu, relata a BBC.

O presidente do museu britânico, George Osborne, diz que está a ser discutido um acordo que prevê que as esculturas “passem parte do seu tempo entre Atenas e parte do seu tempo em Londres”. Sunak, por seu lado, afasta a possibilidade de um acordo de empréstimo. “A nossa posição é muito clara, por uma questão de lei, os Mármores não podem ser devolvidos e nós temos sido inequívocos em relação a isso”, cita a BBC.

O Palácio de Buckingham deu a entender que a gravata do Rei se tratou de uma escolha ao acaso. Fontes reais afirmam que Carlos III usou a mesma gravata na semana passada, quando recebeu a delegação da Coreia do Sul. Durante o primeiro dia da COP28, o Rei encontrou-se com o seu primeiro-ministro, Rishi Sunak, enquanto usava a referida gravata, mas as fontes acrescentam que não houve relação entre os temas. Sunak não parece ter-se importado com a gravata do Rei, uma vez que publicou nas suas redes sociais uma fotografia de ambos. A imprensa grega vê a escolha de gravata do Rei como um sinal de apoio à Grécia.

O Guardian escreve que a gravata do Rei é da Pagoni Maison des Cravates, uma loja na zona de Kolonaki, na capital Atenas. Importa lembrar que o Carlos III tem laços familiares com a Grécia, uma vez que foi lá, em Corfu, que o pai, o príncipe Filipe, nasceu.