Rei morto, rei posto. Mais concretamente, uma equipa “morta” e uma nova equipa “posta”. Oito dias depois da recusa da candidatura da CryptoDATA RNF por parte do Comité de Seleção do MotoGP, alegando como principais razões para a retirada da licença “repetidas infrações e quebras do acordo” por parte da equipa, a Trackhouse Entertainment Group, que está envolvida da NASCAR com a Trackhouse Racing (que conseguiu um total de cinco vitórias na categoria principal do campeonato, a Cup Series) foi confirmada como nova equipa de Miguel Oliveira e Raúl Fernández na principal classe do motociclismo, mantendo os motores Aprilia como tinha também sido anunciado pelo Comité de Seleção a todos os potenciais candidatos à vaga.
“Juntarmo-nos ao Campeonato do Mundo de MotoGP é um momento muito importante para a companhia. A Trackhouse trabalhou desde o primeiro dia para reconhecer oportunidades únicas e atrativas no mundo do automobilismo e sermos capazes de crescer para um mundo global como o MotoGP é um passo gigante para a expansão da empresa. Acreditamos piamente na missão da Dorna e estamos comprometidos para trazer novidades e coisas boas ao Mundial enquanto trabalhamos de forma árdua para ajudar a crescer e ampliar este desporto fantástico por milhões de fãs na América do Norte e além”, comentou Justin Marks, milionário norte-americano que é fundador e CEO do Trackhouse Entertainment Group, na cerimónia de apresentação que decorreu na tarde desta terça-feira na cidade italiana de Milão.
???????? @TrackhouseMoto is ready to switch gears and land in #MotoGP! ????@_moliveira88 and @25RaulFernandez will be lining up on the grid for the American outfit running Aprilia machinery ✅#HSIN pic.twitter.com/C8TDYa6x14
— MotoGP™???? (@MotoGP) December 5, 2023
“Este é um momento importante para a Trackhouse. Quando a nossa equipa foi criada, o objetivo era ir além da NASCAR. No que diz respeito a desporto motorizado, não há fronteiras. Este momento é incrível para a nossa empresa. Adoro todo o tipo de desporto motorizado, estive no Grande Prémio da Áustria este ano e fiquei boquiaberto com o que vi. Quando regressei a casa pensei ‘Por que não entrar no MotoGP?’. Falei com a Dorna, apareceu a oportunidade com a Aprilia e não hesitámos”, acrescentou Justin Marks, que passou os últimos dias na Europa entre reuniões e confirmações até ao anúncio, sendo que pelo meio já teve também a oportunidade de falar com os dois pilotos da nova equipa, Miguel Oliveira e Raúl Fernández.
[Já saiu: pode ouvir aqui o quinto episódio da série em podcast “O Encantador de Ricos”, que conta a história de Pedro Caldeira e de como o maior corretor da Bolsa portuguesa seduziu a alta sociedade. Pode ainda ouvir o primeiro episódio aqui, o segundo episódio aqui, o terceiro episódio aqui e o quarto episódio aqui.]
The addition of @MotoGP takes @TeamTrackhouse to even greater heights. pic.twitter.com/UBpcWZpuD4
— NASCAR (@NASCAR) December 5, 2023
Let’s go”, escreveu Miguel Oliveira na primeira reação feita num post colocado no Instagram
“Estamos muito contentes e orgulhos em dar as boas-vindas à Trackhouse na família da Aprilia Racing. O que eles conseguiram construir em tão pouco tempo na NASCAR foi um extraordinário cartão de visita, que antecipa também o potencial desta parceria. Isto acontece graças a Justin Marks e à sua equipa, que conheci através do meu amigo de longa data PJ Rashidi, com quem estivemos de imediato em sintonia tanto na parte das ambições técnicas como no desenvolvimento a nível de marketing e comunicação num mercado tão importante como é o norte-americano. O nosso compromisso aumentará de forma significativa, sendo uma responsabilidade que assumimos com prazer porque, tenho a certeza, vai permitir com que possamos crescer ainda mais”, destacou na mesma apresentação Massimo Rivola, CEO da Aprilia Racing.
https://twitter.com/TrackhouseMoto/status/1732043196698599471
“É um momento muito especial, tendo em conta que o MotoGP está a passar por grandes mudanças… Temos de agradecer ao Justin [Marks] e à Trackhouse isto ter acontecido tão depressa. A Trackhouse é uma empresa com uma incrível personalidade, muito bem sucedida, e estamos entusiasmados para ver o que podem fazer dentro e fora das pistas. O entusiasmo é grande e desejamos-lhes o melhor”, salientou Carlos Ezpeleta, responsável desportivo da Dorna, que foi acompanhada a nível de satisfação e crença na melhor das cooperações por Dan Rossomondo, chefe comercial da Dorna também presente na apresentação.
LIVE: Special Announcement https://t.co/9M1jIj8uKb
— MotoGP™???? (@MotoGP) December 5, 2023
Em termos práticos, o que poderá significar para o piloto português esta entrada da Trackhouse Racing que, sendo propriedade de Justin Marks, tem também participação do músico Pitbull? Logo à cabeça, o encontro de vontades que parecia estar prometido mas deveria acontecer apenas em 2025, tendo em conta a vontade da marca norte-americana em expandir-se para a Europa que estava a ser estudada numa fórmula a médio prazo até à retirada da licença à CryptoDATA RNF para 2024, tem todas as condições para oferecer melhores valências técnicas à equipa satélite da Aprilia, até pela vontade que existe de angariar mais patrocinadores e parceiros, que deverão ser apresentados por Justin Marks no início do próximo ano.
Ou seja, a Trackhouse Racing pretende ter um papel mais semelhante ao da Pramac com a Ducati (que valeu um segundo lugar a Jorge Martín) ou ao da GasGas Tech3 com a KTM do que aquele que a RNF teve com a Aprilia, o que pode permitir que uma das motos tenha especificações já de 2024 como as de Aleix Espargaró e Maverick Viñales. As publicações especializadas destacam também outros pontos menos ligados de forma direta a Miguel Oliveira como a possibilidade (ainda que remota) de a Aprilia tentar desenvolver uma terceira moto de fábrica para um piloto da Trackhouse, algo que terá sido falado no recente período de testes que as equipas realizaram em Valência. A base, essa, continuará a ser na cidade italiana de Noale. A contratação de Dan Rossomondo para diretor comercial da Dorna após ter exercido funções na NBA também foi visto como um primeiro sinal de que o mundo do MotoGP se começava a virar para o mercado dos EUA.