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Testemunhas silenciosas, gravações inéditas e as últimas horas: o que aconteceu no dia em que mataram John Lennon?

Este artigo tem mais de 6 meses

"Murder Without a Trial" é o documentário em 3 partes que fala com quem esteve lá, a 8 de dezembro de 1980, e com quem conhece e acompanha o assassino, Mark David Chapman. Para ver na Apple TV+.

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John Lennon fotografado em Nova Iorque em agosto de 1980, quando terminava as gravações do álbum "Double Fantasy", editado a 17 de novembro desse ano

Getty Images

John Lennon fotografado em Nova Iorque em agosto de 1980, quando terminava as gravações do álbum "Double Fantasy", editado a 17 de novembro desse ano

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“O meu trabalho não está terminado até eu estar morto e enterrado. Espero que isso seja daqui a muito, muito tempo.”

As palavras foram ditas por John Lennon e descobrir que foram proferidas exatamente no dia em que foi assassinado torna tudo um pouco mais tétrico. Regressamos a 8 de dezembro de 1980, data em que o ex-Beatle foi baleado mortalmente à porta de casa, em Nova Iorque, EUA. É a recordar os eventos deste último dia de vida que se dedica o primeiro de três episódios de John Lennon: Murder Without a Trial, disponível na Apple TV+ esta quarta-feira, 6 de dezembro. Muitos dos envolvidos (testemunhas, médicos, advogados) falam pela primeira vez; há áudios inéditos do assassino confesso, Mark David Chapman; e a narração é feita por Kiefer Sutherland.

Esclareçamos um ponto essencial: daqui não sai nenhuma grande revelação, isso pode ficar claro já, mas há um sentimento comum na maioria dos entrevistados — o de que não vale a pena continuar a ignorar o assunto.

John Lennon, afastado dos palcos há cinco anos, estava de novo em estúdio a gravar. Foi isso que fez nesse dia de dezembro após dar uma entrevista, em casa, onde ficaram registadas as duas frases que, poucas horas depois, pareceriam quase uma piada de mau gosto. Depois de sair do prédio, acompanhado da mulher, Yoko Ono, e da jornalista, seguiu para o estúdio. Por essa altura, segundo várias testemunhas, Chapman já estava a rondar a entrada do prédio e assim permaneceu até ao regresso do músico, à noite.

[o trailer de “John Lennon: Murder Without a Trial”:]

Jay Hastings, o porteiro, nunca tinha dado nenhuma entrevista até hoje, apesar de ter sido ele a amparar Lennon quando este entrou a cambalear no edifício Dakota. Ensanguentado, só teve tempo de dizer “fui baleado” antes de colapsar no chão. Ainda emocionado com a recordação, Hastings explica que fala agora porque já passaram muitos anos, só quer deixar os eventos registados e seguir em frente.

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[Já saiu: pode ouvir aqui o quinto episódio  da série em podcast “O Encantador de Ricos”, que conta a história de Pedro Caldeira e de como o maior corretor da Bolsa portuguesa seduziu a alta sociedade. Pode ainda ouvir o primeiro episódio aqui, o segundo episódio aqui, o terceiro episódio aqui e o quarto episódio aqui.]

Quatro décadas passadas, o choque continua a dominar quem, de alguma forma, fez parte daquela noite. Os primeiros agentes no local foram rápidos a tirar o músico do átrio do prédio antes que o circo mediático se montasse; no hospital Roosevelt, o médico das urgências massajou, durante 45 minutos, o coração de John Lennon até se render à evidência de que ele estava morto. No meio deste caos, Mark David Chapman tinha ficado à porta do prédio à espera da polícia. Não fugiu, não reagiu. Pegou no livro que trazia consigo, À Espera no Centeio, de J. D. Salinger, e continuou a ler até ser detido. Os motivos (ou a falta deles) para o homicídio são abordados no segundo e no terceiro episódios desta série documental, chamados A Investigação e O Julgamento, respetivamente.

Ao mesmo tempo que a notícia se espalhava rapidamente, crescia o mar de pessoas acampadas à porta do apartamento de John Lennon. As imagens de época e os relatos dos pivots dos jornais televisivos (cujas instruções que estavam a receber fora do ar são agora também reveladas) mostram ou relembram o choque e o impacto da morte inesperada. Enquanto milhares de fãs cantavam na rua os temas icónicos do músico, Elliot Mintz, um dos amigos chegados do casal testemunhava a tortura que esse som, que chegava ao último andar, era para Yoko Ono, paralizada pela dor e a incompreensão.

Enquanto isso, as forças policiais eram pressionadas pelos jornalistas enquanto tentavam construir o puzzle dos acontecimentos ao investigarem Mark David Chapman. Quem era, que motivos tinha, teria agido sozinho ou haveria cúmplices? Tudo se revelou bastante frustrante, com o acusado a mudar de versão como quem muda de camisa. Pelo meio havia uma questão fulcral: teria todas as suas capacidades mentais quando disparou a arma ou seria inimputável?

Mark David Chapman fotografado na prisão em 2010. Está elegível para liberdade condicional desde 2000. Foi-lhe negada 12 vezes. Em fevereiro terá nova audiência

A psiquiatra que o avaliou, e que fala publicamente pela primeira vez, considerou-o apto para ser julgado e o processo avançou com Chapman a declarar-se “inocente”, alegando insanidade no momento do crime. A equipa de defesa tentou essa teoria, com alguns comportamentos do arguido a apontarem para isso mesmo. A um agente disse: “Matei-me, eu sou o John Lennon”. Noutro interrogatório explicou que achava que se transformaria no protagonista do livro À Espera no Centeio e mais tarde disse ter ouvido uma voz a ordenar “do it, do it [fá-lo, fá-lo]”. Ainda assim, frente ao juiz, nova reviravolta: Mark David Chapman disse ser culpado. E porquê? Porque Deus falou com ele na cela e lhe disse para fazê-lo.

Acabaria por não haver julgamento, como o título da série documental, John Lennon: Murder Without a Trial, indica. O desfecho está explicado à partida e o objetivo do projeto realizado por Nick Holt não parece ser apresentar dados novos e bombásticos. O que faz, e bem, é compilar de forma organizada tudo o que aconteceu: o minuto a minuto do dia em que John Lennon morreu, o que a polícia descobriu durante a investigação e o que aconteceu a Chapman depois de ser preso.

As gravações das conversas com os advogados, também elas inéditas, ajudam a explicar o inexplicável. Este era um homem perturbado, obcecado pela fama e, ao mesmo tempo, a desdenhar dela, com a cabeça cheia de demónios e cenários alternativos. Tão simples e triste quanto isso. Não houve teorias da conspiração nem um grande enredo desenhado para assassinar John Lennon — e não se percebe bem porque é que, no primeiro episódio, a série usa isso como chamariz para os capítulos seguintes. Até porque a seguir não lhes dá assim tanta atenção. É referido que Lennon, devido ao seu forte ativismo, era vigiado pela CIA e pelo FBI e que naquela época havia a teoria de que agentes podiam ser hipnotizados, alvo de lavagem cerebral, fazendo depois qualquer coisa, mas essas histórias (que hoje parecem estapafúrdias) não passam de meros detalhes na narrativa e não faziam aqui falta.

Em contrapartida, teria sido interessante perceber se o projeto teve o aval ou a participação de Yoko Ono. Não é entrevistada, mas também não sabemos se houve essa tentativa. Porém, é muito claro que parte dela também morreu naquele dia.

 
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