O franco-iraniano suspeito do ataque ‘jihadista’ com faca, que provocou um morto e dois feridos no sábado à noite, perto da Torre Eiffel, em Paris, foi, esta quarta-feira, indiciado por um juiz antiterrorismo e colocado em detenção.

Armand Rajabpour-Miyandoab, de 26 anos e conhecido pelo seu islamismo radical e pelos seus distúrbios psiquiátricos, foi indiciado por três crimes, conforme solicitado pela Procuradoria Nacional Antiterrorismo francesa (Pnat), adiantou o seu advogado à agência France-Presse (AFP).

As acusações são por homicídio, tentativa de homicídio e ligação com uma organização terrorista.

Armand Rajabpour-Miyandoab foi colocado em prisão preventiva e confinamento solitário, depois de presente hoje a um juiz de liberdades e detenção (JLD), divulgou depois o seu advogado, sobre uma medida que era exigida pelo Pnat.

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O agressor foi detido após o ataque que causou a morte de um turista alemão-filipino, de 23 anos, e feriu outras duas pessoas na noite de sábado, um francês e um britânico, não muito longe da Torre Eiffel, poucos meses antes dos Jogos Olímpicos de Verão, agendados para 26 de julho a 11 de agosto na capital francesa.

Um morto e dois feridos em ataque com faca na capital francesa

Antes do seu ato, este franco-iraniano tinha jurado lealdade ao grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI) e afirmou, sob custódia policial, ter agido em “reação à perseguição aos muçulmanos em todo o mundo”.

Perante os investigadores, o jovem apresentou-se “muito frio e clínico”, segundo fonte próxima da investigação.

A escolha do local deveu-se à discordância de que um “lugar simbólico” tenha sido iluminado “com as cores de Israel” após o ataque sem precedentes cometido pelo movimento islamita palestiniano Hamas, em 7 de outubro.

“Proveniente de uma família sem qualquer compromisso religioso”, segundo fonte próxima da investigação, o jovem converteu-se ao Islão aos 18 anos, caindo “muito rapidamente” na “ideologia jihadista”.

Condenado a cinco anos de prisão por conspiração terrorista, após uma ação violenta planeada em La Défense, o bairro empresarial de Paris, em 2016, foi libertado em março de 2020.

O Governo francês está sob pressão depois deste ataque, ocorrido após um em meados de outubro, em Arras, no norte do país, que custou a vida a um professor. O acompanhamento médico do agressor, em particular, levantou questões e críticas.

De acordo com o procurador antiterrorismo Jean-François Ricard, o suspeito, assinalado por radicalização islâmica, foi “sujeito a uma ordem de tratamento envolvendo monitorização psiquiátrica rígida e controlada” até ao final da liberdade condicional, em 26 de abril de 2023.

“Houve claramente uma falha psiquiátrica, os médicos consideraram em várias ocasiões que ele estava melhor”, adiantou na segunda-feira o ministro do Interior, Gérald Darmanin, suscitando críticas no mundo médico.

“Não é o fracasso da justiça. O primeiro responsável e talvez o único responsável por este ato terrorista é o seu autor”, defendeu hoje, por sua vez, o ministro da Justiça, Eric-Dupond-Moretti.

Como podemos forçar alguém a tomar a medicação? É nisso que estamos a pensar”, acrescentou.

Segundo fonte dos serviços secretos, cerca de 20% das 5.200 pessoas conhecidas por radicalização em França sofrem de distúrbios psiquiátricos.

Uma mulher já conhecida pelos serviços secretos, ligada ao agressor, segundo fonte próxima da investigação, foi libertada na terça-feira à noite, sem qualquer acusação até ao momento.

Segundo fonte ligada ao processo, esta mulher de 27 anos “pertence à esfera ‘jihadista'” e recebeu recentemente uma proposta de casamento do agressor. Os pais do agressor foram libertados na segunda-feira, depois de também detidos.