Há décadas que os construtores de automóveis, depois de testar outras opções, constataram que as grandes produções reduzem os custos por unidade fabricada. Um dos exemplos mais conhecidos foi a Fiat com o Uno, sendo que a solução continuou a imperar até nos veículos eléctricos, como é o caso da Tesla em Xangai, de onde saem 750.000 Model 3 e Y por ano, com o objectivo de atingir um milhão em breve. A robotização abre a portas a novas soluções e estratégias, com a Hyundai a defender as microfábricas, capazes de fabricar apenas 30.000 unidades/ano, mas com somente 100 empregados e… muitos cães robôs.

Hyundai e Tesla são dos construtores com maiores investimentos na área da robotização, os norte-americanos nos robôs de construção – adquiriram um fabricante alemão especialista em robôs capazes de posicionar peças nos veículos, soldá-las ou colá-las, estando igualmente a desenvolver o humanoide Optimus Gen 2 –, e os sul-coreanos nos robôs operacionais – compraram a Boston Dynamics, os maiores especialistas em robôs com formas humanoides ou com quatro patas. Ambos antevêem as máquinas a ajudar nas fábricas de automóveis do futuro, o que a Hyundai já consegue fazer hoje.

As microfábricas que os sul-coreanos defendem não são uma mera utopia, mas a mais pura das realidades, uma vez que o sistema já está a funcionar na mais recente fábrica da marca, em Singapura. Avançam os responsáveis que as grandes fábricas, com milhares de empregados e capazes de produzir centenas de milhar de veículos continuam a fazer sentido, dando como exemplo a Gigafactory Texas da Tesla, que produz 250.000 unidades a partir de uma área de 930.000 m2 e 20.000 empregados. Por comparação, a fábrica da Hyundai, de onde saem exclusivamente veículos eléctricos como o Ioniq 5 e 6, produz anualmente 30.000 unidades num terreno com somente 87.000 m2 e 100 empregados.

Além do rácio 300 carros/empregado parecer aliciante, face aos 12,5 da Tesla no Texas (é de 37,5 em Xangai), resta conhecer os rácios de custos, que serão decididamente menos interessantes. Contudo, a Hyundai alega que próximo dos grandes centros urbanos, onde os terrenos são caros e a disponibilidade é menor, as microfábricas são a melhor opção.

A fábrica da marca sul-coreana em Singapura adoptou um tipo de produção em ilhas, ao longo das quais os veículos se deslocam, em vez da fabricação em linha e em contínuo das instalações com maior produção, com um nível de robotização muito elevado. E, ao recorrer ao cão robô Spot, a Hyundai passou a ter mais uma ferramenta ao seu dispor para controlar a linha de produção. Equipado com câmaras associadas a um sistema de inteligência artificial, o Spot consegue verificar a boa montagem de determinadas peças, avaliar as folgas e tudo o resto que pode confirmar o respeito das normas impostas pela Hyundai.

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