Alex Batty, o britânico que desapareceu aos 11 anos e foi recentemente encontrado em França, passou algumas temporadas dos últimos dois anos numa pousada na aldeia de La Bastide, na localidade de Camps-sur-l’Agly, em Aude, no sul de França.

Hoje com 17 anos, Batty foi encontrado em Revel, perto de Toulouse, na semana passada. Perante a atenção que está a ser dada ao caso, os donos da pousada Cabania gîte de la Bastide, onde o jovem passou algum tempo, querem explicar mais sobre o papel que tiveram no caso.

Ingrid Beauve e Frederic Hambye dizem que foram apanhados “numa espiral mediática” nos últimos dias e que sentiram a necessidade de clarificar algumas informações. Num documento disponível no site do alojamento que existe há 30 anos, é explicado que o jovem chegou no fim do outono de 2021 à pousada e que se identificou como Zach. Na altura, estaria acompanhado pelo avô e pela mãe.

Da perda da custódia ao vídeo a anunciar que nunca mais voltariam. Os detalhes que levaram ao rapto de Alex Batty pela mãe e pelo avô

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Foi combinado que ficaria connosco alguns dias/semanas numa fórmula em que contribuía para a manutenção do turismo rural (jardim, ajuda na cozinha) em troca de alojamento e alimentação”, explicam os proprietários. O jovem tinha “acesso ao frigorífico e à comida e adorava cozinhar”, é explicado. O casal indica que Alex Batty acompanhava-os com frequência em idas ao mercado aos domingos e que “fazia parte da vida familiar”.

O comunicado revela que Batty ficou na pousada “por determinados períodos com duração variável” e que partiu em algumas ocasiões para se encontrar com a mãe, em viagens entre Aude e Ariège, uma distância de, no mínimo, 72 quilómetros.

O casal explica que tinha pouco contacto com a mãe de Alex, que estava interessada numa vida em comunidade. Na informação divulgada, distanciam-se desse estilo de vida, negando as informações que surgem na imprensa. “A Bastide nunca teve essa ambição. Não somos uma comunidade espiritual.” A imprensa internacional tem dito que o jovem, a mãe e o avô viviam de forma comunitária e que teriam “renunciado à vida moderna”.

O jovem esteve pela última vez na pousada “no início deste verão”. “À medida que o tempo passava, víamos Zach como parte da nossa família e achamos que ele apreciava a estabilidade e segurança que representávamos”, acrescentam. O jovem tinha um quarto só para ele, acesso ilimitado à internet e era livre de sair e voltar quando quisesse.

Alex desapareceu em Espanha aos 11 anos. Seis anos depois foi encontrado em França

Os proprietários do alojamento garantem que tinham bom fundo na ajuda que disponibilizaram a quem conheciam como Zach. “Encorajámo-lo a aprender francês e a estudar”, dizem, explicando que ajudaram o jovem a “encontrar uma escola onde pudesse andar sem ter tido educação prévia”. Batty terá demonstrado uma “certa aptidão para os computadores” enquanto esteve na pousada, explicam Ingrid Beauve e Frédéric Hambye, que dizem que o jovem tinha vontade de estudar nessa área e queria emigrar para o Canadá.

Mas, para poder voltar à escola, o jovem precisava de um documento de identificação, que já não tinha consigo. O casal assegura que, quando se apercebeu disso, se ofereceu para ir com Batty ao consulado britânico. O jovem não quis – na altura, disse que ia arranjar uma forma de voltar ao Reino Unido, arranjar novos documentos e voltar a estudar.

O jovem partiu da pousada dizendo que tinha a intenção de visitar a mãe a 17 de dezembro – algo que não aconteceu, já que foi encontrado alguns dias antes. O casal garante que só tomou conhecimento “do nome verdadeiro e da história completa” do britânico através da imprensa. “Desejamos-lhe a melhor das sortes”, asseguram.

Na publicação feita no Facebook, há alguns comentários de supostos hóspedes que dizem que se lembram de Alex durante as estadias, falando num jovem simpático e prestável.

O jovem já foi repatriado para o Reino Unido, seis anos depois do desaparecimento em Marbelha, em Espanha. Este domingo, foi conhecido que já passou a primeira noite no país, em casa da avó, Susan Caruana, que mora nos subúrbios de Manchester.

Alex Batty, o jovem desaparecido durante seis anos, passou a sua primeira noite no Reino Unido com a avó

Mãe de Alex é procurada pela Interpol

O jovem Alex terá recusado partir com a mãe para a Finlândia, escreve a imprensa inglesa. Na altura em que o então menino foi dado como desaparecido, Melanie Batty teria 37 anos.

Autoridades acreditam que mãe de Alex Batty esteja na Finlândia e que avô tenha morrido “há seis meses”

O Telegraph avança que a mãe de Alex está a ser procurada pela Interpol, para que seja possível perceber mais sobre o que terá acontecido. De acordo com a justiça francesa, há várias informações contraditórias a circular e há a necessidade de esclarecer o que aconteceu nos últimos seis anos.

A avó de Alex, que era a sua tutora legal antes do desaparecimento, passou vários anos à procura do neto. Há seis anos, aceitou com relutância que a mãe e o avô (ex-marido de Caruana) levassem a criança para umas férias em Espanha.

Após o desaparecimento de Alex, a avó acredita que o agora jovem terá sido levado de Espanha para Marrocos.