O filho da líder birmanesa deposta Aung San Suu Kyi denunciou esta segunda-feira que a sua mãe está praticamente incomunicável desde janeiro numa prisão da capital, onde cumpre uma pena de 27 anos por acusações apresentadas pela junta militar.

Kim Aris, numa entrevista por videoconferência à agência de notícias EFE, a partir de Londres, manifestou preocupação com a saúde da sua mãe, de 78 anos, e afirmou que o seu isolamento é uma violação de direitos humanos.

“Até onde eu sei, a última vez que (Suu Kyi) manteve algum contacto com os seus advogados foi em janeiro e não teve contacto com mais ninguém fora do serviço penitenciário e dos militares”, disse Kim, filho mais novo de Suu Kyi e do já falecido historiador britânico Michael Aris.

A líder birmanesa foi detida no mesmo dia do golpe de Estado realizado pelos militares, a 1 de fevereiro de 2021, e foi julgada num processo longo e obscuro que foi criticado pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido, pela Organização das Nações Unidas, pela União Europeia (UE), entre outros países e organizações.

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“[Os militares] não me deixaram visitá-la nem uma vez e não me permitiram de todo comunicar com ela, o que é uma violação total dos seus direitos humanos”, disse o ativista, nascido em 1977 em Oxford (Reino Unido) e também conhecido como Htein Lin.

Uma exceção ao isolamento de Suu Kyi foi a visita à prisão que recebeu em julho do então ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia, Don Pramudwinai, que afirmou que a líder deposta estava com “boa saúde”.

No entanto, Aris declarou que a visita foi aproveitada pela junta militar para a sua própria propaganda e que a sua mãe está “praticamente isolada”, impedida de interagir com outros presos.

Relativamente ao conflito em Myanmar, o filho da líder deposta afirmou esperar que a junta militar birmanesa seja derrotada pelas forças pró-democracia e pediu à comunidade internacional que apoie aqueles que lutam contra os militares birmaneses e que facilite a entrada de ajuda humanitária.

A líder birmanesa, reconhecida com o Prémio Nobel da Paz em 1991, sofreu o seu maior desgaste político com a crise dos rohingyas — uma minoria muçulmana em Myanmar —, já que muitos ativistas a criticaram por não ter feito o suficiente para defender esta minoria submetida a uma repressão brutal do exército em 2016 e 2017.

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“O que aconteceu aos rohingyas foi terrível, mas penso que a forma como mostraram a minha mãe, que poderia estar envolvida naquilo, foi completamente falsa”, disse Aris, que indicou que Suu Kyi tentou fazer o que pôde para ajudar os rohingyas, apesar das restrições dos militares.

Mais de um milhão de rohingyas vivem no Bangladesh e outros fugiram para diversos países devido à repressão brutal do exército sobre esta minoria.