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As autoridades ucranianas detiveram esta sexta-feira um funcionário do Ministério da Defesa — cujo nome não foi divulgado — por suspeitas de que tenha desviado cerca de 36 mil milhões de euros, durante uma compra de artilharia para o exército ucraniano.

Em causa está um contrato assinado em dezembro de 2022, que remetia para a compra de um lote de cartuchos de artilharia a um fabricante, envolvendo também um intermediário estrangeiro para fazer o transporte.

O acordo, no entanto, acabou por cair, segundo informaram os procuradores ucranianos, citado pelo The New York Times, quando uma “agência recentemente criada pelo ministério” conseguiu negociar com o mesmo fabricante por preços 30% mais baratos e com um tempo de entrega reduzido, eliminando assim o intermediário estrangeiro.

Tal, contudo, não impediu o funcionário de prosseguir com os negócios com a empresa estrangeira. De forma a contornar o novo contrato, este prolongou o anterior e transferiu quase 1,5 mil milhões de hryvnias ucranianas (cerca de 36 milhões de euros) para a mesma.

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As autoridades ucranianas disseram, segundo o mesmo jornal norte-americano, que esse lote de cartuchos ainda não foi entregue e que o Ministério já está a tentar recuperar o dinheiro perdido.

Já no que diz respeito ao funcionário, foi removido de todas as suas funções e pode passar 15 anos atrás das grades, caso seja condenado pelo crime de corrupção.

O fim da corrupção tem sido uma das maiores lutas de Volodymyr Zelensky desde que assumiu a Presidência da Ucrânia. Além de querer mostrar aos aliados do Ocidente de que a sua ajuda monetária está a ser bem aproveitada, em tempo de guerra todas as munições são poucas, por isso não quer desperdiçar o dinheiro que aí pode ser investido.

Presidente da Ucrânia critica corrupção nas comissões médicas militares

Aliás, essa a falta de munições é uma das maiores dificuldades sentidas pelas forças ucranianas. “Não podemos avançar quando não temos nada para disparar”, apontou Yehor Chernev, vice-presidente da comissão de segurança nacional, defesa e informações do Parlamento ucraniano, numa entrevista concedida no mesmo dia em que o funcionário foi detido.

Este não foi o primeiro escândalo de corrupção a desencadear desde o início da invasão russa. No inverno passado, dois funcionários do Ministério da Defesa foram detidos por suspeita de ter comprado ovos para o exército a preços inflacionados. Tal levou também à substituição do ministro, apesar de este não ter sido implicado nas acusações.

Também em agosto o Presidente ucraniano demitiu os chefes dos serviços de recrutamento militar, acusando-os de terem aceitado subornos de pessoas que queriam evitar o serviço militar.