“Fui adepto do Manchester United a vida toda. Estava lá no jogo mais incrível de sempre, em 1999 e em Barcelona, na final da Liga dos Campeões contra o Bayern Munique. Essa memória está profundamente gravada na minha cabeça. Mas não posso ficar à espera de que um dia o Manchester United fique disponível.”
As frases são de Jim Ratcliffe e datam de uma entrevista de outubro do ano passado, quando o bilionário britânico ainda não acreditava que a família Glazer pudesse mesmo colocar o clube à venda. Pouco tempo depois, quase na mesma altura em que rescindia por mútuo acordo com Cristiano Ronaldo e em pleno Mundial do Qatar, a cúpula dos red devils anunciou mesmo que tinha iniciado “o processo de explorar estratégias alternativas para o clube”.
Quase um ano depois, Jim Ratcliffe concretizou o sonho. Na véspera de Natal, no passado domingo, o Manchester United anunciou que vendeu 25% do capital ao bilionário britânico — num investimento de 330 milhões de euros que será direcionado para o mercado de transferências e a renovação de Old Trafford e das restantes infraestruturas, já que Ratcliffe fica responsável pelas operações de índole desportiva.
Aos 71 anos, o empresário é fundador e dono da Ineos, a empresa fundada em 1998 e dedicada à indústria química que tem um vasto portefólio desportivo: desde a equipa de ciclismo Ineos Grenadiers, a antiga Sky onde atualmente correm Egan Bernal ou Tao Geoghehan Hart, um terço da equipa da Mercedes na Fórmula 1 e ainda o Nice, atual 2.º classificado da Ligue 1 com menos cinco pontos do que o PSG.
“Como rapaz de Manchester e adepto do clube, estou muito satisfeito por ter chegado a acordo com a administração do Manchester United. Enquanto que o sucesso comercial do clube tem garantido que existem sempre fundos disponíveis para conquistar troféus ao mais alto nível, esse potencial não tem sido totalmente desbloqueado em tempos recentes. Vamos trazer conhecimento global, experiência e talento do grupo alargado da Ineos e ajudar a desenvolver ainda mais o clube, para além de garantir fundos que permitam investimentos futuros em Old Trafford. Estamos aqui a longo prazo e reconhecemos que temos muitos desafios e trabalho árduo pela frente, algo que vamos abordam com rigor, profissionalismo e paixão. A nossa ambição comum é clara: queremos ver o Manchester United de regresso ao sítio onde pertence, no topo do futebol inglês, europeu e mundial”, referiu Jim Ratcliffe no comunicado divulgado pelo próprio clube.
O bilionário britânico, que é engenheiro químico de formação, já teve como primeira ação uma auditoria às contas do clube. De acordo com o The Athletic, é expectável que tanto o CEO Richard Arnold como o diretor para o futebol John Murtough acabem por sair do Manchester United nos próximos meses, com a continuidade de Erik ten Hag e o processo disciplinar de Jadon Sancho a ficarem também nas mãos de Jim Ratcliffe.
Ainda assim, nas últimas horas, o principal dossiê a ser atribuído ao empresário é Old Trafford. O estádio do Manchester United, inaugurado em 1910 e renovado pela última vez em 2006, enfrenta uma deterioração natural e crescentemente perigosa que pode ter como conclusão a demolição. Por agora, existem três opções: um pequeno projeto de renovação, a expansão de uma das bancadas com uma remodelação completa das infraestruturas existentes ou a demolição e construção de um estádio totalmente novo.