895kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Brás, ostras com ervas marinhas ou pregado. O novo restaurante da rua Áurea é uma ode às algas

Este artigo tem mais de 6 meses

São 600 as espécies identificadas na costa portuguesa e são essas que o chef Pedro Mendes trouxe para Lisboa. À frente do Áurea, apresenta uma carta onde as algas são o ingrediente principal.

O Áurea é o restaurante do Art Legacy Hotel
i

O Áurea é o restaurante do Art Legacy Hotel

O Áurea é o restaurante do Art Legacy Hotel

História

A rua revela o seu nome mesmo antes de haver espaço para apresentações. Áurea, em homenagem àquela rua que tantos referem como do Ouro, é o restaurante do novo hotel de cinco estrelas da baixa pombalina. Para quem cá passa é difícil não dar por ele. Com uma estética clássica, o edifício onde o Art Legacy nasceu, mesmo no coração da cidade de Lisboa, destaca-se pela sua imponência. Em tempos casa da Companhia de Seguros Sagres, volta agora a abrir as portas dos números 175 e 181, um século depois. Dessa época áurea pouco ficou. A fachada manteve-se, mas, por dentro, o edifício ganhou outra vida, pelos olhos do arquiteto português Luís Rebelo de Andrade.

É cá dentro que o Áurea habita. No piso térreo, convida locais, passantes, turistas e hóspedes do Art Legacy a entrar, a sentar e a mergulhar na carta, que se apresenta como um mar de algas. Mas já lá vamos. Antes disso, há uma viagem que as trouxe do Algarve até à capital.

Pedro Mendes foi o chef desafiado a desafiar a cozinha do Áurea. Natural de Lisboa, traz consigo anos de trabalho com algas

O convite caiu-lhe no colo em meados de outubro. O chef da bolota e das algas regressou à sua cidade, com pouco tempo para preparações, e com vontade de servir aos portugueses aquilo que de melhor Lisboa tem para oferecer, assim como os seus anos de pesquisa em torno das algas e do oceano Atlântico. Pedro Mendes aceitou assim o desafio e o Áurea abriu portas no início de dezembro. Vindo do Algarve, o chef trouxe consigo alguns do seus pratos clássicos, sem deixar para trás as influências que a região sul — mencionando também o Alentejo — têm tido no seu trabalho.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Espaço

Podia ser apenas o único hotel e restaurante, na Europa, totalmente decorado com peças do universo Moooi, mas, o Art Legacy destaca-se também a nível mundial. Conhecida pelas suas cores ousadas e padrões exóticos, a marca holandesa de design moderno de móveis, interiores e iluminação foi a escolhida pelo arquiteto Luís Rebelo de Andrade para dar vida a estes dois espaços. Ao passar as portas, entra-se no mundo da Moooi, ou numa galeria, como descreve Carlos Faustino, diretor do Art Legacy, uma vez que todas as peças presentes podem ser adquiridas. Da mesa à cadeira, passando pelos candeeiros e pelo papel de parede, aqui “tudo é Moooi”.

O Art Legacy é o único hotel do mundo totalmente decorado com peças da marca Moooi

Mas desengane-se quem pense que tanto no Áurea como nos 53 quartos do Art Legacy a decoração é a mesma. “O ambiente do restaurante tem mais glamour, é mais charmoso. Quando sobe aos quartos é mais atrevido. Temos um choque de estilos”, descreve Carlos Faustino. Enquanto lá em cima as cores vibram e variam consoante o andar — há vermelho, azul, verde e amarelo —, cá em baixo o ambiente torna-se mais sóbrio, com os tons do verde seco escuro e do bordeaux a destacarem-se e com os dourados a surgirem pontualmente. Já a luz, é a característica de Lisboa.

No entanto, apesar das diferenças, os espaços complementam-se de forma harmoniosa, uma vez que, a ajudar, não há nenhuma barreira física entre os dois. “Todo o espaço funciona como um só”, o que faz do Áurea o ponto de ligação entre os hospedes, os passantes, os clientes e a equipa. À equação junta-se também a cozinha, que, segundo o arquiteto, é uma extensão da sala. Aberta, deixa que se revelem os seus segredos, principalmente a quem estiver sentado ao balcão, face à vista privilegiada. Lá atrás, quem se destaca é o papel de parede criado pela Moooi que “faz um elogio aos animais extintos”, explica o diretor do hotel.

Todas as peças da Moooi expostas no Áurea e no Art Legacy estão disponíveis para venda

Comida

“Onde é que estamos? Estamos em Lisboa”, responde o chef Pedro Mendes à sua própria pergunta para dar ênfase à importância de privilegiar na carta o local onde nos encontramos. Assim, no Áurea, Lisboa tem de estar muito presente à mesa. Mas, mais do que Lisboa, presente à mesa também tem de estar o chef e o trabalho que tem feito no últimos anos. Natural de Lisboa, Pedro Nunes viu a sua carreira chegar ao Algarve, onde, no início dos anos 2000, descobriu as algas. “Há 600 espécies identificadas na nossa costa. Nem uma é venenosa, dos estudos todos que já foram feitos. As algas têm propriedades nutricionais estupendas”, explicou, afirmando que o seu trabalho agora é promover o uso dos diferentes tipos.

São estas que guiam a carta do Áurea. Inspirada em Lisboa, no Algarve e no Alentejo — sem esquecer a bolota —, esta convida a uma viagem que tem início à tona da água e que continua até chegar ao fundo do mar. Antes de lá irmos, uma primeira nota ao amuse bouche, que, servido ao balcão, dá logo a conhecer os dias do chef no Algarve — com o crocante de algas com bivalves e ervas marinhas —, no Alentejo — com a bolota com cabeça de xara — e em Lisboa — com o pastel de nata de bacalhau.

É nas entradas do menu do Áurea que a viagem começa, e começa com as ervas marinhas. A primeira surge nas ostras (18€), que vindas do Sado são acompanhadas por alho francês, e apresenta-se como se tivesse geada por cima: são as ervas do gelo. De seguida, a alface do mar, que, segundo o chef, faz daquele um dos pratos mais lisboetas da casa. O nome parece familiar mas o twist chega cedo. O brás de algas com vieiras laminadas (18€) é um clássico de Pedro Mendes e aqui o chef utiliza uma alga que se encontra “com fartura” no estuário do Tejo, mesmo à beira de Lisboa.

O brás de algas é um dos pratos clássicos do chef Pedro Mendes

Já do Algarve o carabineiro (24€) traz um xerém feito com quatro tipo de algas diferentes. A cor também o denuncia: o verde surge da combinação do kombu com o esparguete do mar, a wakame e a alface do mar. No topo, há ainda lugar para a spirulina. Nos principais, o pregado (28€) chega com bivalves, ervas marinhas e com a mesma micro alga do xerém. “Vou utilizando as algas em praticamente todas as preparações”, afirma o chef, revelando que também nos pratos de carne está a presença das mesmas, uma vez que “Lisboa é mar”.

A começar pelo bife à portuguesa (29€), sendo o Áurea uma casa da capital, o kombu é um dos ingredientes da demi glace, depois transformada no molho. Também com a mesma alga é feita a feijoca com mouras e toucinho branco (16€). Nas sobremesas a coisa muda. Aqui, em vez de ingrediente, as algas surgem como apontamento, como é o caso da fresca e crocante maçã com poejo e caramelo (10€) e do arroz doce e amêndoa amarga (11€). Quanto aos cocktails, ainda nenhum segue esta linha do mar, mas, revela o chef, a carta assinada por Fábio Guerreiro pode vir a ter brevemente uma adição.

Nas sobremesas as algas surgem como apontamentos

“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos (e renovados) restaurantes e cartas.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.