Foi há 20 anos que os Green Day deram a conhecer aquele que é talvez o mais famoso trabalho da banda. American Idiot, o sétimo álbum de estúdio do grupo de punk rock, explorava temas centrais da consciência norte-americana em 2004: a ansiedade do pós-11 de setembro, a presidência de George W. Bush e a guerra no Iraque. Passadas duas décadas, a banda resolveu atualizar a mensagem para uma nova geração, numa “brincadeira” de Ano Novo que irritou os apoiantes de Donald Trump.
Durante uma atuação televisiva, parte da programação de Ano Novo da ABC, Dick Clark’s New Year’s Rockin’ Eve With Ryan Seacrest, o vocalista da banda, Billie Joe Armstrong, alterou os versos do tema que dá nome ao álbum de 2004. O verso original, “I’m not part of a redneck agenda” foi adaptado durante a atuação para “I’m not part of the MAGA agenda” (não faço parte da agenda MAGA).
"I'm not a part of the MAGA agenda…" -Green Day on New Year's #RockinEve tonight. pic.twitter.com/KdQua9QsFe
— Tony Morrison (@THETonyMorrison) January 1, 2024
“Redneck“, importa explicar, é um termo derrogatório usado para brancos de origem rural e conservadora do interior do país. A alteração, percebe-se, era deste modo uma crítica aos fãs de Donald Trump e à ideologia do ex-Presidente e candidato às primárias deste ano.
A mensagem foi recebida com aplausos por parte da plateia que assistiu ao vivo. Já nas redes sociais, foram surgindo várias críticas à banda, com vários apoiantes de Trump a acusarem de fazerem parte da “máquina de propaganda” democrata. “Os Green Day são maus há anos”, “são irrelevantes” ou “odeio os Green Day”, foram algumas das críticas que foram surgindo em plataformas como o X ou a Truth Social.
Esta não é a primeira vez que a banda enfrenta a raiva do espectro político mais conservador. Há muito politicamente ativos (o próprio American Idiot é disso exemplo), os Green Day têm criticado repetidamente Trump nos últimos anos. Durante um concerto em 2017, Billie Joe Armstrong gritou “Fuck Trump” (“F***-te Trump”) antes de se lançar, precisamente, para a música American Idiot. Mais recentemente, após os incêndios no Havai, a banda lançou uma t-shirt a fazer pouco da “mugshot“ do ex-Presidente, com a receita a ter como destino as vítimas do desastre.
Diferenças à parte, 2024 promete ser um ano preenchido, para Trump e para os Green Day. A banda prepara-se para lançar nas próximas semanas Saviors, o seu novo álbum de estúdio, ao qual se deverá seguir uma digressão com vários concertos. Já Trump terá pela frente as primárias republicanas e, caso vença, uma eventual desforra contra o atual Presidente, Joe Biden — isto se os vários casos que tem pendentes em tribunal não o impedirem de concorrer.
O ano novo em discos (e não só): esta é a música que vai revelar-se em 2024