Se o que ouvimos mais em 2023 definir o que vamos ouvir em 2024, então os músicos portugueses só têm razões para se regozijar. O consumo de música portuguesa duplicou neste ano que está a terminar, com Ivandro a assumir-se cada vez mais como um dos maiores fenómenos desta onda nacional. Ele, parecendo querer antever a fartura que aí vem, já está a acenar com um novo álbum.

Como explica Luís Freitas Branco no artigo que assinou para o Observador, passando os olhos pelos consumos de música em 2023, “a novidade na canção portuguesa é uma pop ancorada na música tradicional e folclórica.” LINA_, Ana Lua Caiano ou o projeto Cara de Espelho seguem, cada um a seu jeito, essa estética e chegam a 2024 com material novo.

Outra novidade aguardada é o regresso de Anitta aos originais. A superestrela brasileira certamente cilindrará tabelas um pouco por todo o mundo e Portugal não deverá fugir ao furacão carioca, dado que pelo terceiro ano consecutivo o Brasil estabeleceu-se como a nacionalidade mais ouvida no nosso país. Pop sertaneja, trap e funk dominam as preferências, mas os novos trabalhos de João Bosco, Amaro Freitas e Moreno Veloso terão também os seus seguidores.

Outra tendência que se deverá consolidar é a crescente presença de mulheres nos tops do streaming. Se tivermos em conta que nomes mediáticos como Dua Lipa, Jennifer Lopez ou Sheryl Crow (a juntar a Anitta) vão ter novidades em 2024, então é possível que os 25% de quota atuais nas plataformas subam para valores mais robustos.

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Para além das pazadas de material novo que aí vêm, há reedições especiais a assinalar, daquelas que enchem os corações e as prateleiras dos melómanos. Four-Calendar Café e Milk & Kisses, álbuns de culto dos Cocteau Twins, chegam em janeiro pela primeira vez em vinil; Walls Have Ears, o disco ao vivo lançado sem o consentimento dos Sonic Youth em 1986, apresenta-se de forma oficial em fevereiro do próximo ano, o mesmo mês em que Band on The Run, de Paul McCartney e dos seus Wings faz 50 anos. A epifania terá direito a uma edição comemorativa especial, com alguns inéditos compilados num segundo LP intitulado Underdubbed: Mixes Edition.

O álbum homónimo dos Franz Ferdinand (e primeiro da carreira) também celebra data redonda (20 anos), bem como Dreamtime dos The Cult (40 anos) e Apocalypse, de Thundercat (10 anos). Pretexto para três reedições muito saudadas.

Entre várias escolhas possíveis, destacamos as novidades mais sonantes que vão tomar conta da música portuguesa e internacional no próximo ano. Agarrem no bloco de notas e vão fazendo a vossa wishful list.

Álbuns Internacionais

The Smile: “Wall Of Eyes”

O projeto The Smile, que uniu Jonny Greenwood e Thom Yorke dos Radiohead ao baterista Tom Skinner, fundador dos Sons of Kemet, inicia 2024 com um novo trabalho de originais. Wall Of Eyes tem lançamento marcado para dia 26 de janeiro e sucede ao aclamado disco de estreia A Light For Attracting (2022). Composto por oito faixas, gravadas entre Oxford e o Abbey Road Studios, contou com a produção de Sam Petts-Davies (Radiohead, Frank Ocean, Michael Kiwanuka) e com arranjos de cordas da London Contemporary Orchestra. O single de avanço é a faixa título do álbum, cujo videoclip foi realizado por Paul Thomas Anderson. A digressão de apresentação de Wall Of Eyes começa em março, passando por Portugal em agosto, no festival MEO Kalorama.

Dua Lipa

Será um álbum mais pessoal do que Future Nostalgia (2020) e inspirado nas sonoridades psicadélicas dos anos 70. Não por acaso, a estrela pop tem andado em estúdio com Kevin Parker, dos Tame Impala. Houdini, divulgado em novembro, é o único single conhecido do terceiro disco, que foi promovido em três espetáculos de peso em Londres, Los Angeles e Tokyo. De resto, pouco se sabe do novo trabalho, que ainda não tem nome nem data de lançamento anunciados. Especulações levam-nos a crer que poderá ter o dedo do produtor Koz (Madonna, Kendrick Lamar) e de Sarah Hudson (Justin Bieber e Nicki Minaj) que têm andado em gravações com Dua Lipa.

Pearl Jam

O álbum já está anunciado há mais de um ano, mas só sairá para o mercado presumivelmente em maio. O guitarrista Mike McCready já deixou escapar que o décimo segundo trabalho de originais desta que foi uma das bandas mais influentes dos anos 90 reportará, precisamente, a esses tempos. “É muito mais pesado do que aquilo que poderiam estar à espera”, disse sobre o sucessor de Gigaton (2020). O disco tem Andrew Watt na produção, que trabalhou com nomes como Justin Bieber ou Lana Del Rey.

Adrianne Lenker

Ruined fez com que Adrianne Lenker largasse a guitarra para abraçar pela primeira vez o piano, num gesto que soa naturalmente belo. Este é o primeiro avanço do disco sucessor de “songs” (2020) e, como é habitual na lírica de Lenker, discursa sobre o amor na sua esfera dolorida e também catártica. A vocalista dos Big Thief entra assim em 2024 com a promessa de um novo álbum a solo e uma digressão que já tem datas anunciadas nos Estados Unidos e na Europa. Ainda sem data nem nome à vista, sabemos, contudo, que Adrianne Lenker dará um workshop online sobre composição de canções nos dias 7, 14, 21 e 28 de janeiro. As inscrições estão abertas até dia 6 de janeiro e o workshop tem um custo de cerca de €145.

Usher: “Coming Home”

Em setembro foi anunciado que Usher seria o cabeça de cartaz da final do Super Bowl, o evento que, tal como o Canal Q, tem intervalos mais apelativos do que os próprios conteúdos. A atuação de dia 11 de fevereiro assinala os 20 anos de Confessions, álbum de culto da carreira do rapper norte-americano, e o lançamento de Coming Home. Os dois têm um elo em comum, dado que o nono disco de originais de Usher é uma declaração de amor ao seu próprio legado. Narcisista? Talvez um pouco, talvez apenas revivalista ou uma mistura de ambos. No Limit, com Young Thug e Missin U são as faixas já conhecidas.

Brittany Howard: “What Now”

Jaime (2019) deixou muitos melómanos a salivar por novas malhas de Brittany Howard, cantora e compositora norte-americana conhecida previamente por liderar os Alabama Shakes. Finalmente, Howard parece decidida a saciar quem dela espera mais uma bandeja farta de rock de guitarras aguerridas, limadas pelos encantos do r&b. O single What Now, “a mais honesta e triste de todas as minhas canções”, como referiu aquando do seu lançamento em outubro, antevê o álbum com o mesmo nome que sairá para o mercado no dia 2 de fevereiro.

Chance The Rapper: “Star Line Gallery”

2023 foi o ano em que Chance The Rapper assinalou o décimo aniversário da sua portentosa mixtape Acid Rap, com um concerto lotado na Kia Forum, em Los Angeles. Revisitado esse passado próximo, que catapultou o rapper de Chicago para a ribalta, Chance começa 2024 com um novo álbum à vista. Star Line Gallery pede emprestado o nome à Black Star Line, companhia de navegação fundada pelo ativista negro Marcus Garvey, em 1919. As expetativas em redor deste trabalho são altas, com Chance The Rapper a classificá-lo como um dos projetos de que mais se orgulha. Honrar o legado dos antecedentes e inspirar a comunidade afroamericana são os valores que norteiam Star Line Gallery, que será assumidamente colaborativo e terá uma arrojada componente visual, com cada tema a ser tratado como se de uma obra de arte se tratasse. E não será mesmo? Pelo que YAH Know nos mostra, faixa com a participação do cantor e compositor ganense King Promise, não temos por que duvidar.

Lenny Kravitz: “Blue Electric Light”

O regresso de Lenny Kravitz aos originais está agendado para dia 15 de março, com o duplo LP Blue Electric Light. O single TK421 parece sugerir que Kravitz continua de prego a fundo no rock e no funk e que está disposto a trazer a disco e as boogie nights para o seu décimo segundo álbum da carreira. Para a história ficam quatro Grammys consecutivos, participações no cinema, projetos de design, um livro de memórias (Let Love Rule), associações a marcas de moda e avalanches de êxitos que erigem mais de três décadas de estrelato.

Anitta: “Funk Generation, a girl from Rio”

Voltar às raízes do funk brasileiro, internacionalizando-o (ainda mais) com letras em espanhol e inglês parece ser a receita de Funk Generation, a girl from Rio, sexto álbum de estúdio da carioca que fez história em 2022 ao se ter tornado na primeira mulher latino-americana a ocupar o 1º lugar no ranking global do Spotify, com a música Envolver. Mas nem tudo foram rosas em 2022 para Anitta: um problema nos pulmões e um cancro foram-lhe diagnosticados e obrigaram-na a abandar o ritmo. Porém, em 2024 a carioca quer voltar a agitar as águas: depois da maratona carnavalesca de Os Ensaios da Anitta, que levará a “poderosa” a vários Estados do Brasil durante janeiro e fevereiro, será apresentado ainda no primeiro semestre do ano Funk Generation, a girl from Rio. Funk rave, Casi Casi, Used to Be e Mil Veces são os temas que já estão em alta rotação nas plataformas.

Green Day: “Saviors”

The American Dream Is Killing Me abre as hostes do décimo quarto disco de originais dos Green Day, a ser lançado a 19 de janeiro. Denunciando o fracasso do sonho americano, os rapazes da Califórnia juntam a este novo trabalho uma digressão mundial para assinalar os 30 anos de Dookie e os 20 de American Idiot. Portugal ficou de fora: quem quiser ver Billie Joe Armstrong e companhia sem fazer muitos quilómetros terá que se deslocar até Santiago de Compostela (30 de maio) ou Madrid (1 de junho).

Mais novidades internacionais

Jennifer Lopez tinha anunciado This is Me…Now para 2023, mas o primeiro álbum de estúdio em quase uma década só será lançado no dia 16 de fevereiro de 2024. Os fãs, que andaram este tempo todo a roer as unhas, serão compensados pela espera: com o álbum, vem também um filme onde a vida amorosa e íntima de JLO é escrutinada com drama e humor, com muitas cenografias e coreografias à mistura. This is Me Now, mistura de r&b, pop, batidas de hip hop, marca os 20 anos do seu álbum irmão, This is Me…Then.

Em novembro teve o seu nome gravado no Rock & Roll Hall of Fame e agora prepara-se para lançar o seu décimo segundo álbum de estúdio. Falamos de Sheryl Crow e do seu Evolution, do qual já é conhecido Alarm Clock. As Sugababes também estão de regresso, desta feita com uma edição independente (a primeira da carreira). Do álbum é conhecido When The Rain Comes. Já Sia, passado o período de depressão profunda que a esvaziou durante praticamente três anos, resolveu transformar a sua catarse em álbum. Reasonable Woman será revelado na primavera.

Ainda no feminino, destaque para Bad Gyal, que lançará La Joia no dia 26 de janeiro. Pelos singles já avançados – Mi Lova, Give Me, Sin Carné, Chulo pt.2, Sexy e Real G – percebe-se que o reggaeton e a house continuam a nortear a música da catalã, que, entre várias colaborações, contará com Anitta e com o jamaicano Tommy Lee Sparta. Cardi B também está de volta aos álbuns, seis anos depois de Invasion of Privacy, que lhe valeu o Grammy de Melhor Álbum de Rap, algo inédito para uma mulher. Ainda não há data de lançamento, mas já há um single sumarento a convidar ao twerk: ponham Bongos a soar bem alto das colunas.

Noutro registo, Anna Calvi, que passou recentemente por Portugal no Super Bock em Stock, lançará no dia 26 de janeiro o duplo LP com a banda sonora das temporadas 5 e 6 de Peaky Blinders. O rock vai andar musculado em 2024, com promessas de novos trabalhos do indomável Ty Segall (Three Bells, 26 jan.), dos Idles (Tangk, 16 fev.), dos The Jesus and Mary Chain (Glasgow Eyes, 8 mar.) dos veteranos Judas Priest (Invincible Shield, 8 mar.) e de Sepultura, com disco ao vivo a celebrar os 40 anos de carreira.

Também os Sum 41 têm uma palavra a dizer em 2024: o ano novo trará Heaven :x Hell (29 mar.), um duplo LP com um lado pop punk (Heaven) e outro mais pesado, influenciado pelo heavy metal (Hell). Os canadianos vêm apresentar este trabalho a Portugal no dia 13 de julho, no NOS Alive. No campo do indie, teremos novo trabalho dos The Libertines, o segundo após a reunificação da banda em 2015. All Quiet On The Eastern Esplanade está previsto para 8 de março e já tem single de avanço: Run Run Run. Também os Real Estate vão lançar material novo, Daniel de seu nome (23 fev.). Por seu lado, os Kaiser Chiefs juntaram-se ao super-guitarrista Nile Rodgers para apresentarem Feeling Alright, faixa de avanço do oitavo disco de estúdio da banda britânica, Kaiser Chiefs’ Easy Eighth Album.

A eletrónica e as pistas de dança rejubilarão com os novos lançamentos dos MGMT (Loss of Life está previsto para 23 de fevereiro e tem como single Mother Nature), dos Justice (que em junho estarão no Primavera Sound, no Porto) e da dupla Chromeo, que a 16 de fevereiro chega com Adult Contemporary. Já são conhecidas quatro faixas do novo álbum, com destaque para Replacements, com La Roux.

Destaque ainda para o sétimo disco da banda de synth-pop norte-americana Future Islands (People Who Aren’t There Anymore, 26 jan.), para o meticuloso Phasor (9 fev.) do músico Helado Negro, e para o álbum colaborativo entre as superestrelas J Balvin e Ed Sheeran, uma dupla que em 2022 já nos deu dois temas: Sigue e Forever My Love. Vai dar que falar, garante Balvin.

Pode não dar tanto que falar como os anteriores, mas ficamos a aguardar com expetativa o próximo trabalho do pianista e compositor brasileiro Amaro Freitas. Y’Y, palavra indígena do dialeto de Sateré Mawé, reunirá nomes de peso do jazz, como Shabaka Hutchings, Brandee Younger e Hamid Drake, percussionista que participa no tema já revelado Encantados. Encantados é como esperamos ficar quando este trabalho sair no dia 1 de março, a mesma data em que será lançado YHWH Is Love, segundo disco do projeto Jahari Massamba Unit, casamento perfeito entre Madlib e o baterista Karriem Riggins. Presságio de uma primavera feliz.

Álbuns Nacionais

Ivandro: Trovador

O nome do álbum diz muito sobre o seu autor. Ivandro é o trovador dos amores e desamores da era do streaming. Em 2023 foi o artista nacional mais ouvido pelos portugueses no Spotify, tal como já tinha acontecido em 2022: o single Como Tu, partilhado com Bárbara Bandeira, foi a música que mais rodou na plataforma e Chakras, colaboração com Julinho KSD, esteve 10 semanas à frente do top em Portugal. Posto isto, o que dizer mais? Trovador, com data de lançamento prevista para o início do ano, será em princípio mais uma cartada de sucesso deste músico de 25 anos que combina as ondas melosas do r&b com os pozinhos mágicos da pop como nenhum outro da sua geração.

LINA_: “Fado Camões”

Em 2020, os tops nacionais (e alguns internacionais também) ficaram rendidos ao álbum que juntou LINA_ ao produtor espanhol Raül Refree. Ali, o fado de Amália era revisto sem o bafio das coisas que permanecem imutáveis, mas sim com o arejo de quem pensa as suas referências à luz da contemporaneidade. Agora LINA_ regressa aos originais com Fado Camões, disco que tem edição marcada para 19 de janeiro e que conta com a produção do compositor britânico Justin Adams (Brian Eno, Sinead O’Connor, Robert Plant). Dos singles já lançados, destaque para O Que Temo e o Que Desejo, faixa interpretada ao lado de Rodrigo Cuevas, músico essencial na compreensão do novo movimento da música espanhola que não tem medo de misturar tradição com experimentalismo. Fado Camões, álbum de recontextualização da poesia de Camões, contará igualmente com as colaborações de Amélia Muge e John Baggott, músico inglês que já tocou com os Massive Attack, Portishead ou Robert Plant. A 30 de janeiro será apresentado no Teatro da Trindade, em Lisboa, e a partir daí LINA_ seguirá viagem por Portugal, Espanha, França e Noruega. Fado e poesia extrapolando as suas fronteiras estéticas e geográficas.

ProfJam: “L.S.D. (Love Songs Die)”

Ainda com MDID Música de Intervenção Divina às voltas – o álbum lançado em 2023 será a base dos concertos agendados para os dias 16 e 17 de fevereiro na Aula Magna, em Lisboa – ProfJam já tem novidades para os fãs: L.S.D. (Love Songs Die) será o sexto projeto musical lançado pelo rapper lisboeta e dele já se conhecem as faixas HEI, produzida por Branko, Alguém Como Tu, parceira com Agir e RGNT. Reggaeton, r&b, pop, kuduro são ingredientes que se misturam desavergonhadamente na sonoridade de ProfJam e que podemos encontrar neste novo trabalho, ainda sem data de lançamento confirmada.

Branko: “Soma”

Por falar em Branko, o produtor está de volta aos discos de originais e às colaborações em 2024, depois de a pandemia o ter empurrado para um processo de gravação necessariamente solitário. O sucessor de OBG (2022) chamar-se-á Soma, aludindo a essa confluência de forças que sempre fizeram parte do modus operandi de Branko. Os singles já conhecidos do próximo álbum são Nuvem, que tem a voz da carioca BIAB, Found My Way, tema afro house apresentado com Carla Prata nos concertos especiais de novembro, em Lisboa e no Porto, e Agenda, faixa eletrizante em parceria com Bryte. Soma, quarto disco original de Branko, será lançado em março de 2024.

Ana Lua Caiano

Dois EPs foi o que precisámos para ter a certeza de que Ana Lua Caiano, mais do que um fenómeno passageiro, seria voz e escrita firme da nova geração da música portuguesa. Uma geração que resgata a portugalidade para primeiro plano, adereçando-a com beat machines e outros sons mutáveis e do quotidiano que espelham a fluidez conceptual da música do agora. Cheguei Tarde a Ontem (2022) e Se Dançar é Só Depois (2023) abriram caminho para o tão esperado longa duração de estreia, que será editado no primeiro trimestre do ano e que já tem duas datas de apresentação ao vivo: a 5 de abril no Plano B, no Porto, e a 11 de abril no B.Leza, em Lisboa. Deixem o Morto Morrer é o single de avanço do novo disco.

Três Tristes Tigres: “Atlas”

Mínima Luz (2020) marcou o regresso aos originais dos históricos Três Tristes Tigres, depois de um longo hiato de 22 anos sem gravar. Felizmente, este regresso não se limitou a uma epifania de um disco só. Atlas prova que os tigres querem continuar a trilhar caminhos de experimentalismo sem barreiras. O novo álbum será lançado em 2024 e dele já se conhece Animália, tema de urgência climática ao sabor do psicadelismo rock e da voz indomável de Ana Deus. A ela e a Alexandre Soares (cérebro por trás dos arranjos) e Regina Guimarães (caneta afiada na hora de pregar letras) juntam-se Fred Ferreira na bateria, Eleonor Picas na harpa, Miguel Ferreira nos teclados e Rui Martelo no baixo.

Benjamim: “Berlengas”

Desde Vias de Extinção (2020) que Benjamim se tem desdobrado em parcerias, produções e edições através do seu selo discográfico Discos Submarinos. Nomes como Beatriz Pessoa, Margarida Campelo ou Tape Junk & Pedro Branco (que também têm novo disco a ser apresentado a 16 de fevereiro [Bolero]) constam do catálogo da ainda jovem editora, nascida em 2022 e celebrada com o tema Estrada da Luz. A entrada no novo ano marcará o aguardado regresso de Benjamim aos trabalhos de estúdio. Tudo será desvelado a 5 de abril, mas já podemos adiantar o nome do quarto álbum de originais: Berlengas é o destino para onde o músico de Lisboa nos quer arrastar.

Luís Severo: “Cedo ou Tarde”

Era para ter sido lançado ainda em 2023, mas o álbum veio mais tarde do que cedo. Nada que preocupe Luís Severo nem mesmo os seus fãs, que nos dias 10 de novembro, em Braga, e 14 e 16 de dezembro, em Lisboa, esgotaram salas para provar o menu de degustação das novas canções do cantautor português. O quarto disco de originais expressa as incertezas dos nossos tempos e é fruto de um processo de gravação solitário, decorrido em plena pandemia. Daí que, às muitas guitarras, se somem vários beats e sintetizadores. Cedo ou Tarde e Incerteza são os singles já conhecidos. O álbum completo será servido a 19 de janeiro.

Capitão Fausto: “Subida Infinita”

O disco aparece num momento de viragem dos Capitão Fausto, com a anunciada saída do teclista Francisco Ferreira. Subida Infinita é, por isso, retratado pelo quinteto lisboeta como um álbum de término e início de uma nova vida. Será o último (pelo menos num futuro próximo) a ser gravado com a formação original da banda. Sobre ele, sabemos que será lançado a 15 de março e que já tem uma digressão nacional muito preenchida a ancorá-lo. O primeiro tema a ser revelado chama-se Nunca Nada Muda e foi masterizado por Matt Colton, que masterizou canções de The Rolling Stones ou Arctic Monkeys, entre muitos outros.

Monday: “Underwater, Feels Like Eternity”

Depois do disco One (2018) e do EP Room for all (2020), Catarina Falcão (que ao lado da irmã Margarida tem o projeto Golden Slumbers) volta a vestir a pele de Monday para apresentar o seu próximo longa duração. Underwater, Feels Like Eternity sairá no primeiro trimestre do ano e assinala a estreia da cantautora na produção. Dele conhecemos Wasteland, que já nos desvela as intenções de Catarina: adornar as suas harmonias pop etéreas com berloques folk, quer na interpretação quer nos arranjos. O vídeo do single tem a assinatura de André Tentugal e Le Joy e o disco será lançado pela editora lisboeta Lay Down Recordings.

Mais novidades nacionais

André Tentugal também está de regresso aos palcos e aos originais. Oito anos após o último concerto da banda portuense, no festival Vodafone Paredes de Coura, os WE TRUST vão atuar na festa de passagem de ano da Avenida dos Aliados, no Porto, na noite de 31 de dezembro. “Um final que é um recomeço”, aponta Tentúgal sobre o ressurgimento do projeto que pôs meio país a cantarolar Better not stop, better not stop moving. Em 2024 haverá várias colaborações e um novo álbum “com uma nova formação, nova imagem e canções mais uptempo e dançáveis”, diz.

Do Porto chegam-nos igualmente notícias dos Blind Zero, que preparam o lançamento de Courage and Doom no ano em que celebram trinta anos de carreira. O primeiro concerto de 2024 será a 24 de fevereiro no Cineteatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira. Também João Vieira (X-Wife, Dj Kitten, White Haus) volta a vestir a pele de Wolf Manhattan para nos brindar com o seu segundo longa duração, que verá a luz do dia no primeiro semestre do ano. Já os Holy Nothing vão aguardar pelo último trimestre de 2024 para apresentar o sucessor de Plural Real Animal (2020).

Também para o final do ano podemos contar com novo trabalho de Rodrigo Leão, ele que ainda anda em digressão com o seu mais recente Piano para Piano, trabalho lançado em outubro de 2023 e que juntou o compositor e músico português aos seus três filhos, António, Sofia e Rosa. É precisamente com Rosa que partilhará o palco do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), em Guimarães, no dia 20 de janeiro. O último trimestre do ano trará igualmente novidades do percussionista João Pais Filipe, da artista e investigadora sonora Ece Canli e de Bia Maria, que depois de se estrear com o EP “doRoberto”, prepara o seu primeiro longa duração.

Bem antes disso, no despontar de 2024, os Bateu Matou prometem um novo EP. Batedeira contará com a já conhecida Falam Bué, faixa com participação de Raissa e Pité. A cantora cabo-verdiana Nancy Vieira também está de regresso com Gente, álbum com apresentação marcada para o dia 8 de março, no Teatro São Luiz, em Lisboa. Sabe-se que para este trabalho, Nancy Vieira rodeou-se de amigos, como Amélia Muge, Paulo Flores e Mário Lúcio. Por falar em amigos, ex-membros dos Deolinda, Ornatos Violeta, Gaiteiros de Lisboa, A Naifa e Humanos juntaram-se para formar um novo projeto. Chama-se Cara de Espelho, tem um álbum homónimo pronto a sair no dia 26 de janeiro e uma digressão de estreia que passará por Braga (24 fev.), Loulé (2 mar.), Lisboa (5 mar.) e Porto (16 mar.). Corridinho de Lisboa e Político Antropófago são os temas de avanço.

Teresinha Landeiro apresentará o sucessor de Agora (2021) já em fevereiro. O tema Chegou a Hora antecipa o disco e os concertos de Aveiro e de Lisboa, agendados para 9 e 26 de março respetivamente, mês em que o projeto 5ª Punkada lançará o seu segundo álbum. A banda, que foi escolhida pelos Coldplay para terminar o último concerto em Portugal, tem atuação marcada para dia 13 de janeiro, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria. Lá ouviremos certamente Diante de Mim, single de avanço. Sabemos também que Stereossauro está a cozinhar um novo álbum, ainda que não haja uma data certa de lançamento. Deixemos que 2024 nos traga essa notícia, bem como outras surpresas que não conseguimos ler na bola de cristal.