“Os discursos de ódio, desumanização e incitamento são abomináveis e só podem agravar as tensões e a violência na própria RDC, pondo em perigo a segurança regional”, afirmou o alto-comissário para os Direitos Humanos, Volker Turk.
Referiu em particular a situação nas províncias do Kivu Norte e Sul e nas regiões de Kasai e Katanga, “na sequência das eleições gerais do mês passado”, segundo um comunicado citado pela agência francesa AFP.
Considerou que, apesar de alguns esforços de “certas autoridades” para combater este tipo de discurso e violência, “é necessária uma ação mais firme”.
Turk apelou às autoridades para que investiguem “de forma exaustiva e transparente todos os relatos de discursos de ódio e de incitamento à violência e para que se responsabilizem os culpados”.
Duas semanas após o escrutínio, apenas foi anunciado o resultado das eleições presidenciais.
Félix Tshisekedi foi reeleito com 73% dos votos, de acordo com uma contagem provisória que deverá ser confirmada este mês pelo Tribunal Constitucional antes de se tornar definitiva.
Os líderes da oposição do país da África Central rejeitaram o resultado e denunciaram numerosas irregularidades.
Apelaram para a anulação de uma “eleição fictícia” e para a organização de novos escrutínios.
As igrejas Católica e Protestante, que enviaram observadores eleitorais, declararam ter “documentado numerosos casos de irregularidades suscetíveis de afetar a integridade dos resultados de vários escrutínios em determinados locais”, sem no entanto declarar as eleições fraudulentas.
As tensões pós-eleitorais são temidas num país com uma história política turbulenta e frequentemente violenta, cujo subsolo é rico em minerais, mas cuja população é predominantemente pobre.