“Pode haver uma guerra na Suécia.” Num discurso durante uma conferência na cidade de Sälen no domingo, o ministro da Defesa Civil sueco, Carl-Oskar Bohlin, deixou aquele desconcertante aviso à população do país nórdico. “Não é minha intenção apelar ao medo, mas antes a que se ganhe consciência da situação”, afirmou o governante.
Para expor o seu ponto de vista, Carl-Oskar Bohlin recordou a invasão russa da Ucrânia. “As forças de ataque russas enfrentaram a força unificada da sociedade ucraniana. Este tipo de esforço apenas surge se a vasta maioria da população estiver consciente da situação e do que está em causa”, explicou o ministro, acrescentando que a “resistência da sociedade” requer precisamente essa “consciência”, que deverá ser posta em prática.
“Todos têm de entender a situação em que nos encontramos”, disse o ministro, numa alusão à situação de segurança na Europa, cada vez mais precária após a invasão russa. “O tempo pode ser o nosso recurso mais precioso”, apontou Carl-Oskar Bohlin, que admitiu que “o sentimento de que as coisas estão a acontecer muito lentamente” faz com que fique “acordado durante a noite”.
O ministro frisou que a comunidade internacional apresenta “os maiores riscos desde o final da Segunda Guerra Mundial”, sendo que a Suécia assumiu a posição de estar “ao lado da Ucrânia, dos aliados e da ordem internacional baseada em regras”. “Tudo isto vai necessitar que façamos mais do que nunca e isso começa com o entendimento de que defender a Suécia é um interesse para todos nós.”
“Pode parecer obscuro e distópico. Mas olhemos para o outro lado. Para a grande maioria de nós, o nosso país não é um quarto de hotel que nós podemos deixar; não é um pedaço de terra genérico do qual não sentimos afinidade. Para a grande maioria de nós, é a nossa casa”, defendeu Carl-Oskar Bohlin, reforçando que, por esse motivo, defender a Suécia é uma tarefa primordial.
“Situação é muito grave”: comandante das Forças Armadas subscreve palavras de ministro
No mesmo sentido, o comandante das Forças Armadas da Suécia, Micael Bydén, avisou que a população deve preparar-se “mentalmente” para uma possível guerra. “Esta é uma situação muito séria. Trata-se agora de passarmos das palavras à ação.”
Questionado durante um programa do canal estatal SVT sobre a posição de Carl-Oskar Bohlin, o líder militar concordou com os seus alertas e frisou: “A esperança não é uma estratégia em que se deva construir planos, mas deve haver esperança”.
Defendendo que a quase certa entrada da Suécia na NATO vai ajudar o país a defender-se de uma possível invasão, Micael Bydén pediu à população “que veja as notícias” relativamente à Ucrânia e que se pergunte a si mesma: “Se isto acontecer, estou preparado? O que devo fazer?”
“Quanto mais as pessoas estiverem preparadas, mais forte será a nossa sociedade”, rematou o comandante das forças armadas.