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Um tribunal russo condenou um membro da Guarda Russa a seis anos de prisão por ter adquirido equipamentos de fraca qualidade para proteger a ponte da Crimeia, península anexada em 2014.

Segundo a agência russa TASS, Serei Evgenievich Volkov, antigo responsável do departamento marítimo da Guarda Russa, terá comprado dois sistemas de defesa no valor de 395 milhões de rublos (cerca de 4,1 milhões de euros) com o propósito de proteger a ponte — descrita como o “milagre de Putin” — de ataques com drones. Os equipamentos destinavam-se também a garantir a segurança do gasoduto que liga a península à região russa de Krasnodar.

Em causa estaria um contrato entre a Guarda Russa e o Rostov-on-Don Research Institute of Radio Communications para o fornecimento de dois sistemas de radar Orel-2020. A acusação parte da ideia de que Volkov saberia que as características deste equipamento não permitiriam proteger as infraestruturas na região de forma eficaz, mas teria permitido avançar a compra porque queria evitar impactos negativos para a sua carreira caso o processo não avançasse a tempo.

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O procurador alegou durante o julgamento que os equipamentos eram de baixa qualidade e pediu, inicialmente, que Volkov fosse condenado a sete anos de prisão e fosse privado dos seus títulos e condecorações estatais. O responsável da Guarda Russa, porém, sempre negou ser culpado e disse ter agido “de acordo com os procedimentos e legislação exigida”. Garantiu mesmo que os sistemas não foram adquiridos a pensar na ponte, mas para proteger unidades do departamento naval russo.

O juiz responsável pelo caso, refere a TASS, acabou por definir uma pena de seis anos de prisão, destacando que os equipamentos na Crimeia precisavam de ser modernizados. Volkov acabou condenado com base no Artigo 286.º do Código Penal russo, relacionado com abuso de autoridade com “graves consequências”.

O jornal Kommersant, citado pela agência Reuters, acrescenta que as decisões de Volkov terão deixado a ponte da Crimeia “dentro do alcance de fogo [ucraniano]”.

Desde o início da guerra na Ucrânia, a ponte da Crimeia foi alvo de repetidos ataques, entre eles uma grande explosão que a 8 de outubro obrigou à interrupção da circulação na ponte e obras durante dois meses. A Rússia tem responsabilizado o exército ucraniano pelos ataques.