O Quénia iniciou, esta terça-feira, o maior projeto de realojamento de rinocerontes negros, transportando para um novo local 21 animais em perigo de extinção e que podem pesar mais do que uma tonelada cada um.

A tentativa anterior de deslocação de rinocerontes neste país da África Oriental, realizada em 2018, foi um desastre, já que os 11 animais transferidos de Nairobi para um santuário situado no sul do país morreram pouco depois de chegarem.

Dez deles morreram de stress, desidratação e fome, fatores agravados por envenenamento por sal, por não se adaptarem à água mais salgada da sua nova casa, segundo as investigações realizadas. O outro rinoceronte foi atacado por um leão.

Os rinocerontes negros, machos e fêmeas, estão a ser transferidos de três parques de conservação para o parque privado Loisaba Conservancy, no centro do Quénia, segundo o Serviço de Vida Selvagem do Quénia.

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Os rinocerontes estão a ser transferidos, num processo que durará provavelmente semanas, porque há demasiados nos três parques e estes animais precisam de mais espaço para se movimentarem e, espera-se, para se reproduzirem. Os rinocerontes são geralmente animais solitários e são mais felizes em grandes territórios.

O Quénia tem tido um relativo sucesso na recuperação da sua população de rinocerontes negros, que desceu para menos de 300 em meados da década de 1980 devido à caça furtiva, o que suscitou receios de que os animais pudessem ser dizimados num país famoso pela sua vida selvagem.

O Quénia tem agora cerca de 1.000 rinocerontes negros, de acordo com o serviço de vida selvagem. Trata-se da terceira maior população de rinocerontes negros do mundo, a seguir à África do Sul e à Namíbia.

De acordo com a organização de conservação de rinocerontes Save The Rhino, restam apenas 6.487 rinocerontes selvagens no mundo, todos eles em África.

As autoridades quenianas afirmam ter realojado mais de 150 rinocerontes na última década.

Alguns dos 21 rinocerontes estão a ser transferidos do Parque Nacional de Nairobi e farão uma viagem de 300 quilómetros na parte de trás de um camião até Loisaba. Outros irão chegar de parques mais próximos de Loisaba.

Para o diretor executivo da Laba Conservancy, Tom Silvester, a mudança dos rinocerontes para Loisaba é comovedor, uma vez que a região foi outrora o lar de uma população saudável de rinocerontes negros, antes de estes terem sido exterminados naquela área, há 50 anos.

As autoridades quenianas responsáveis pela vida selvagem afirmam que o país pretende aumentar a sua população de rinocerontes negros para cerca de 2.000, o que, na sua opinião, seria o número ideal, tendo em conta o espaço disponível para eles nos parques nacionais e privados.

As populações de rinocerontes brancos e negros estão a aumentar em África pela primeira vez nos últimos 10 anos, depois de terem sido dizimadas pela caça furtiva e pela perda de habitat, segundo o mais recente estudo da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), publicado em setembro de 2023.

A UICN destacou então que havia 23.290 rinocerontes – incluindo 6.490 rinocerontes negros – em todo o continente no final de 2022, 5,2% mais do que em 2021, apesar de pelo menos 561 terem sido mortos por caçadores furtivos naquele ano.

A caça furtiva – impulsionada pela elevada procura de chifres de rinoceronte, em particular na China e em alguns países do Sudeste Asiático – levou os animais à beira da extinção.