“Os Delinquentes”
Realizado pelo argentino Rodrigo Moreno, Os Delinquentes abre com um dos mais banais e anti-espectaculares assaltos a um banco de sempre no cinema, e prossegue deixando a impressão no espectador que vai ser um thriller, embora muito pouco à maneira do que estamos habituados neste formato, sobretudo pelo cinema americano. Mas a pouco e pouco, Os Delinquentes revela ser na realidade uma fita totalmente idiossincrática, e com leves sugestões borgesianas, aparentada com títulos argentinos anteriores como La Flor, de Mariano Llinás, ou Trenque Lauquen, de Laura Citarella. Não é para todos os gostos, mas cumpre com o que se propõe fazer.
“Pássaro Branco: Uma História Extraordinária”
Vai ser difícil vermos um filme tão descaradamente mau este ano como Pássaro Branco: Uma História Extraordinária, realizado pelo outrora promissor Marc Forster (Monster’s Ball — Depois do Ódio, À Procura da Terra do Nunca, 007: Quantum of Solace). É uma história esquemática, e pesamente demonstrativa e sentenciosa, contada em flashback e passada quase toda durante a II Guerra Mundial, numa França ocupada que parece saída da série ‘Allo, ‘Allo! , não se percebendo bem o que fazem por lá nomes como Helen Mirren e Gillian Anderson (esta particularmente desastrosa numa camponesa francesa). Está para se estrear desde 2022 e percebe-se porquê.
“A Zona de Interesse”
O realizador inglês Jonathan Glazer (Debaixo da Pele) foi à Polónia rodar esta adaptação livre do romance homónimo escrito em 2014 por Martin Amis, uma co-produção anglo-americano-polaca. A Zona de Interesse centra-se na figura de Rudolf Höss, o oficial alemão que foi comandante do campo de Auschwitz, e na sua mulher, Hedwig, que procuram construir uma vida de sonho para eles e para os filhos, numa residência com jardim adjacente àquele, e totalmente estanque a tudo o que lá se passa, como se fossem dois mundos diferentes, sem o menor ponto de contacto. Interpretações de Christian Friedel e Sandra Hüller (pode ler a crítica aqui).
“A Semente do Mal”
Filme de terror do realizador e artista plástico português Gabriel Abrantes. Edward (Carloto Cotta) nasceu em Portugal mas vive agora em Nova Iorque, após ter sido raptado quando era bebé, tal como o irmão. As buscas pela sua família de origem levam-no a descobrir o irmão, e também que a mãe ainda está viva no nosso país. Pega então na namorada, metem-se num avião e vêm para Portugal, onde Edward conhece enfim o seu gémeo (também interpretado por Carloto Cotta) e a mãe, que vivem num palacete renovado, nas montanhas (pode ler a crítica aqui).