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Bo bun, pad thai ou frango crocante? Street Chow, o novo bistrô asiático das Picoas

Este artigo tem mais de 6 meses

Depois de PTHAI, BASAG e GRAIN, Bertrand reuniu sob o mesmo teto o melhor da comida de rua asiática numa esquina colorida das Picoas. Street Chow é o bistrô que viaja por Coreia, Tailândia e Vietname.

Gulosa, a comida coreana é uma das estrelas da casa.
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Gulosa, a comida coreana é uma das estrelas da casa.

Manuel Manso

Gulosa, a comida coreana é uma das estrelas da casa.

Manuel Manso

A história

Este é um “Cuidado, está quente! “que em bom rigor começou a ferver em tempos de máscaras e álcool gel. É bem provável que durante as suas andanças pelas apps de entregas já se tenha cruzado com a fast food coreana do Basag (caso não conheça estes hambúrgueres, não sabe o que anda a perder), os sabores saudáveis e frescos do Grain, ou o exotismo tailandês do PThai. Pois bem, as marcas funcionam sob a mesma alçada, do grupo Street Chow, e são todas elas projetos de Bertrand Bizot-Espiard, o francês natural de Dijon que depois de 10 anos a viver e trabalhar em Estocolmo instalou-se com a família em Lisboa. “Não tinha qualquer ligação com Portugal mas vi-o como país de oportunidade de crescer e desenvolver negócio. Com um estilo de vida mais simples e adaptado às crianças, perto do mar. A Suécia é fantástica, ganhamos dinheiro, mas decidimos mudar-nos para um sítio como mais luz, mais quente.”, explica-nos no seu muito desembaraçado “português de rua”. “Aprendi a trabalhar. Os meus filhos andam na escola portuguesa, falamos português em casa. Tenho que aprender.”, simplifica.

Da esquerda para a direita, Chef Summit, Bertrand, Chef Aashish e Angie, a equipa deste Street Chow. © Manuel Manso

Chegaram em agosto de 2018, apenas dois meses depois do nascimento de um dos filhos. Bertrand começou por aventurar-se no mundo dos vinhos naturais. Depois, pensou na restauração, uma área de interesse em que já tinha trabalhado. A semente do Street Chow era lançada por essa altura, mas foi preciso esperar até 1 de abril de 2020 para abrir portas de vez, na antiga cozinha, na zona dos Anjos. “Abri sozinho, no começo da Covid, num espaço pequeno, o conceito inicial era só entregas, a única coisa a fazer nessa altura.”. Pouco a pouco, foi contratando colaboradores e atualmente são oito.

Os três ramos que arrancaram em modo delivery seguem em funcionamento. Apesar de as entregas continuarem a fazer sentido, o desejo de retomar a experiência física — e apurar o feedback de quem prova — justificou a abertura de um espaço aberto ao público. O pequeno bistrô asiático instalou-se assim numa esquina da zona das Picoas, no número 20 da Rua Tomás Ribeiro.

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O espaço

O ambiente é descontraído, a decoração é cool, e a concorrida pequena esplanada no exterior é só mais uma boa razão para se terem despedido da anterior morada, e beneficiarem agora da centralidade do Saldanha. “No começo de 2023 foi difícil continuar a nossa atividade sem restauração. E em agosto decidimos abrir um restaurante. Acho que não há grande futuro para as dark kitchens. Temos a frustração de não conhecer o cliente, só temos a avaliação das plataformas, fazemos um prato novo e não sabemos se funciona. Aqui, temos esse contacto direto. Continuamos com o delivery, mas escolhemos os pratos melhores, com melhor avaliação, para partilhar com os clientes.”, sublinha Bertrand.

© Manuel Manso

Para os coloridos interiores, recrutou a Arkstudio, a mesma responsável pelo projeto do Prado, um dos seus espaços e cozinhas de referência na cidade. Ao pequeno número de mesas no interior junta-se o balcão com bancos azuis de pé alto à entrada e mais um recanto confortável ao fundo da casa. A inspiração escandinava é evidente, e há boas razões para ganhar protagonismo. “Funcionamos como uma hierarquia horizontal”, descreve Bertrand, que até à nossa chegada circulava atarefada de avental pela casa, servindo os almoços. “Antes da Covid tive um ano de “tasca”, um conceito que ainda adoro. Isto foi uma pastelaria antes do nosso restaurante e eu senti uma responsabilidade por abrir um novo projeto, um bistrô asiático”, descreve, recuando a esse batismo de comida tipicamente portuguesa pelo qual passou quando aterrou no país, e que continua vivo.

© Manuel Manso

Sim, talvez seja o timing certo para responder a uma das perguntas que entretanto se tornou incontornável: porquê um bistrô com estas características? “Sempre gostei de street food em geral. Viajamos muito, também vivemos seis meses na Tailândia, onde quase tudo é comida de rua, e aqui temos alguns dos pratos mais conhecidos.” Para reforçar a pertinência, talvez ajude acrescentar a popularidade crescente na cidade de redutos de inspiração asiática, e a indiscutível consagração do ramen, só para citar um dos favoritos.

“Definitivamente um sítio de almoço”, o Street Chow, que planeia abrir de segunda a domingo, também é opção ao jantar e conta com o bom tempo estival para lotar (ainda mais) os lugares disponíveis no exterior.

A comida

O mistério é desfeito no título do texto: com máximo spoiler, a comida de rua asiática tem as honras de distinção nesta esquina. Por aqui deixaram-se aconchegar na carta algumas da propostas vencedoras dos projetos de delivery. Significa isto que vai encontrar as iguarias mais populares e solicitadas do Grain, do PThai, ou do Basag, e sempre com preço acessível: 13,90 euros é o valor máximo de uma dose.

Curry massaman (com frango ou vetegariano) e um Bo Bun (do camarão ao leitão, passando por cogumelos ou tofu).

Manuel Manso

Nos pratos principais, é possível um inesperado cruzamento à mesa entre um pad thai, o frango coreano ou uma bowl vietnamita cheia de cor. Estas Bo Bun são, aliás, das mais pedidas no Street Chow — uma salada de massa de arroz, cenoura, nem rolls, pepino, couve roxa, cebola frita, alface, hortelã, coentros, amendoim torrado e molho Nuoc Cham — e revelam-se em variedades à base de camarão, frango, cogumelos leitão ou tofu marinado (também há opções com caril, para quem preferir). Nos especiais, o frango crocante está em clara maioria, incluindo em versão Buttermilk Burguer ou Umami Burguer. Conte ainda com um ramen soy noodle com entrecosto braseado. Já do wok saem três pad thais, de frango, camarão ou tofu.

Do arroz stir fryed aos pickles caseiros, passando claro pelo molho tamarindo, ou pelo Gochujang, um condimento fermentado coreano, há vários apontamentos que nos teletransportam para o outro lado do mundo.

Os spring rolls © Manuel Manso

Nas entradas, os spring rolls com camarão ou tofu, o chicken satay com molho de amendoim, ou os imperdíveis nem rolls crocantes de frango ou tofu abrem caminho para o que segue.

Bebidas? Os vinhos portuguesas, os cocktails com e sem álcool ou uma saborosa limonada com menta ajustam-se aos diferentes momentos e refeições.

Para último conselho, não se despeça sem a sobremesa, ou sobremesas: há tapioca peal coconut (um delicioso pudim de tapioca com leite de coco e banana) e mango stickyrice (a versão tailandesa de um arroz doce com manga).

“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos (e renovados) restaurantes e cartas.

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