O ministro da Administração Interna esclareceu, esta quinta-feira, que compete à Câmara de Lisboa autorizar a manifestação da extrema-direita prevista para 3 de fevereiro, após a autarquia ter aprovado um voto de repúdio à ação convocada por neonazis.

“De acordo com um parecer da Procuradoria-Geral da República, quem autoriza a realização das manifestações são […] as câmaras municipais. Claro está que as câmaras municipais fazem-no após parecer das forças de segurança”, respondeu José Luís Carneiro, depois de ser questionado sobre a responsabilidade de autorização de um protesto da extrema-direita no Martim Moniz, em Lisboa.

À margem de uma reunião dos ministros com a tutela da Administração Interna da União Europeia (UE), em Bruxelas, o governante português acrescentou que as forças de segurança “encontram-se, neste momento, a fazer uma avaliação do risco“.

“Emitirão o seu parecer e depois a Câmara Municipal [de Lisboa], em articulação com o Ministério […], procederá no sentido de garantir a ordem e segurança públicas”, completou.

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Questionado sobre a posição da Comissão de Direitos Humanos das Ordem dos Advogados, que defende a proibição da marcha, o ministro da Administração Interna recordou que qualquer manifestação tem de realizar-se “de acordo com a legalidade do Estado de direito”.

Manifestação xenófoba em Lisboa deve ser proibida, defende Comissão de Direitos Humanos dos Advogados

José Luís Carneiro advertiu que há no código penal uma moldura “para o discurso de ódio, o discurso de violência” — entre um e oito anos de prisão — e que é necessário agir em conformidade contra quaisquer ações que “atentem contra a Constituição”.

Na quarta-feira, a Câmara de Lisboa aprovou por unanimidade um voto de repúdio sobre a ação de rua convocada por um grupo neonazi junto ao Martim Moniz.

Câmara de Lisboa repudia e condena manifestações de caráter violento, racista ou xenófobo

O executivo liderado pelo social-democrata Carlos Moedas condenou “toda e qualquer manifestação de caráter violento, racista ou xenófobo na cidade”.

Proposto pelos vereadores do Cidadãos Por Lisboa (CPL) e do Bloco de Esquerda (BE), o voto de repúdio sobre uma manifestação organizada por “movimentos de extrema-direita”.

A autarquia disse, entretanto, que ia articular-se com o Ministério da Administração Interna e com a Polícia de Segurança Pública para garantir a legalidade do protesto e a proteção de todas as pessoas que vivem e trabalham na cidade.

Em causa está a organização de uma marcha extremista no Martim Moniz, sob o tema “Contra a Islamização da Europa”, agendada para 3 de fevereiro, que tem gerado preocupação entre a comunidade imigrante.

Posteriormente, coletivos antirracistas decidiram preparar uma manifestação de “pessoas de todas as cores”, para o mesmo dia e zona.

Em paralelo, organizações antirracismo estão a promover uma carta aberta, denominada “Contra o racismo e a xenofobia, recusamos o silêncio”, onde pedem ao Presidente da República, ao Ministério Público e às autoridades policiais para “travar a saída desta manifestação”, por violar a lei.