O Ministério Público (MP) abriu um inquérito na sequência de uma denúncia anónima que visa o presidente da Câmara de Vila Real, um processo que não tem arguidos constituídos, disse esta quinta-feira fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Confirma-se a receção da referida denúncia anónima. A mesma foi remetida ao Ministério Público de Vila Real, onde deu origem a um inquérito, que se encontra em investigação e não tem arguidos constituídos”, afirmou a PGR, em resposta a um pedido de esclarecimento da agência Lusa, sem adiantar mais informações sobre o caso.
O presidente da Câmara de Vila Real, o socialista Rui Santos, afirmou esta quinta-feira, em conferência de imprensa, que vai apresentar uma queixa no MP contra incertos, denunciando estar a ser vítima de uma campanha anónima de difamação.
“Tudo o que leram nesse documento é falso, desde as acusações aos supostos autores, o partido dos cobardolas conseguiu, no entanto, um dos seus objetivos, obrigou a que hoje eu esteja a reagir perante vós. Mas obrigou também a que, hoje mesmo, seja entregue uma queixa ao MP no qual acusaremos incertos, mas apresentaremos as nossas suspeitas sobre a autoria desta vergonha”, afirmou Rui Santos.
Entre terça e quarta-feira, dias em que foram aprovadas as listas do PS às legislativas e de aniversário de Rui Santos, foi difundida através de e-mail, redes sociais e até em papel, espalhada por empresas, instituições ou casas particulares de Vila Real, uma carta anónima com sete páginas com acusações contra o presidente da câmara, vereadores, empresários e dirigentes do PS.
A carta, conforme foi agora confirmado à Lusa, foi enviada à PGR e nela são relatados esquemas de corrupção e de tráfico de influências relacionados com negócios imobiliários, de contratação pública ou contratos com empresas.
“Não quero nem vou reagir às acusações que me são feitas em concreto, nenhuma. Repito, nenhuma delas é verdade. A possibilidade de me referir a elas seria dar-lhes algum crédito que não têm”, sublinhou Rui Santos.
Rui Santos disse ainda esperar que o “MP investigue rapidamente, com grande profundidade, e que, como aconteceu em todas as situações anteriores, arquive este produto de ódio e de loucura”.
É que, segundo referiu, esta campanha difamatória repete-se ciclicamente desde 2013, quanto se candidatou e venceu, pela primeira vez para o PS, a câmara de Vila Real, com todas as queixas arquivadas.
Desta vez, o timing para a disseminação da carta está, segundo frisou, relacionado com os atos eleitorais que se aproximam como as legislativas, depois europeias e autárquicas em 2025.
“Não é segredo que fui convidado para encabeçar a lista do PS [às legislativas] e que havia muita gente convencida de que eu, de facto, encabeçaria a lista no distrito de Vila Real. Eu sempre afirmei que não trocaria o lugar de presidente de câmara por nenhum outro e que estar como presidente de câmara de Vila Real foi, é e será a minha prioridade e a maior honra da minha vida”, frisou.
E continuou: “Infelizmente, no entanto, o partido dos cobardolas apostou no contrário, acreditando que eu seria anunciado como candidato do PS, escolheram a data da aprovação das listas do PS para difundirem massivamente um verdadeiro folhetim que procura atingir uma série de cidadãos e as suas famílias apenas porque cometeram o crime de serem próximas de mim, do PS ou da câmara”.
Contactado pela Lusa, o autarca não quis acrescentar nada ao que disse durante a conferência de imprensa realizada esta manhã.