A Dacia, que anuncia uma filosofia virada para os tempos livres e o fora de estrada, vai defender a sua orientação estratégica no Campeonato do Mundo de Todo-o-Terreno, a começar já este ano no Rali de Marrocos, em Outubro, para depois estar tudo a postos para tentar vencer o Dakar de 2025, em Janeiro. O carro que representará as cores da marca romena do Grupo Renault é um buggy 4×4 de linhas radicais, com semelhanças evidentes em relação ao protótipo Manifesto.
O construtor relevou hoje o seu próximo modelo de competição, avançando que para o seu design contribuíram as três duplas de pilotos, duas das quais figuram entre as mais rápidas dos Rallye-Raid do mundial, nomeadamente Sébastien Loeb (com nove títulos de Campeão do Mundo de Ralis), acompanhado por Fabian Lurquin, e Nasser Al-Attiyah, cinco vezes vencedor do Campeonato do Mundo de TT, com outras tantas vitórias no Dakar. O terceiro veículo da Dacia será confiado a Cristina Gutierrez Herrero, que conta já com oito participações no Dakar, sendo considerada uma das mulheres mais rápidas no Dakar, que em 2025 vai ser navegada por Pablo Moreno Huete.
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Concebido sobre a base do Prodrive Hunter, o buggy 4×4 que recorre a um motor V6 da Ford, o Dacia vai assumir a designação Sandrider e recorre a um chassi tubular que é uma evolução do utilizado até aqui pela Prodrive. A carroçaria foi desenhada depois de prolongadas discussões com os pilotos, que sugeriram modificações de forma a melhorar o veículo, tornando-o mais eficiente e fácil de conduzir nas maratonas do deserto.
Herrero propôs uma placa magnética na base das portas, com a finalidade de aí fixar os pernes das rodas, evitando assim que desapareçam quando caiem na areia durante as mudanças de rodas a meio das classificativas. Loeb, pelo seu lado, concentrou-se em evitar os erros de concepção do Hunter, que tem pilotado nas últimas edições do Dakar, nomeadamente a nível das suspensões, uma das fragilidades do buggy, bem como os furos causados pela posição dos escapes, demasiado próximo dos pneus traseiros, o que os faz aquecer em demasia.
O sistema de transmissão 4×4 é novo, tal como a caixa, com o motor 3.0 V6 a ser cedido pela Nissan. Tudo é concebido e desenvolvido pela Alpine Racing, a equipa que representa a marca francesa no Mundial de Resistência, em provas como as 24 Horas de Le Mans e que agora se estreia no TT. O V6 japonês fornece 265 kW (360 cv) e 539 Nm, o máximo permitido pelo regulamento, com a Dacia a estar convencida que esta unidade motriz lhe dá vantagens em termos de dimensões, peso e curvas de potência. O Sandrider consumirá gasolina sintética (produzida com hidrogénio renovável e CO2 capturado) fornecida pela Aramco, patrocinador da equipa, para diminuir a pegada ecológica.
O primeiro protótipo está ainda em construção, antes de entrar na fase de testes. O primeiro shake down vai ter lugar em Abril, para depois em Junho, eventualmente já com mais carros, rumarem a Marrocos e aí continuarem os ensaios no tipo de piso e temperaturas que vão encontrar em prova. A primeira prova dos nove terá lugar em Outubro, mês em que será disputado o Rali de Marrocos, prova a contar para o Mundial de TT deste ano, para verificar se o Sandrider revela as desejadas rapidez e robustez em condições de corrida. Depois é o Dakar, prova que a Dacia irá disputar a partir de 2025, prevendo comprometer-se com a maratona no deserto durante alguns anos.