Fernando Madureira foi detido esta quarta-feira, pela PSP, após buscas na sua casa, avançou a CNN. Além do líder da claque do FC Porto Super Dragões, também a mulher, Sandra Madureira, e outras dez pessoas foram detidas, sendo que entre elas está Vítor Catão, conhecido adepto portista, e Fernando Saul, funcionário do clube e a pessoa responsável pela ligação com os adeptos. Detidos foram encaminhados para a divisão criminal da PSP do Porto.

Durante as buscas foram apreendidos três carros de alta cilindrada, um Porsche e dois BMW. Os veículos poderão ser analisados num outro processo focado em eventuais crimes fiscais, podendo haver um cruzamento com os rendimentos conhecidos e declarados à Autoridade Tributária por Fernando Madureira.

Em comunicado, a Procuradoria-Geral do Porto confirmou que o inquérito investiga os incidentes na Assembleia-Geral do clube decorrida a 13 de novembro e que foram levadas a cabo buscas domiciliárias e não domiciliárias. “Está em causa a prática dos crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação agravada, ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objeto ou de produtos líquidos e atentado à liberdade de informação“, esclarece a mesma nota, frisando que os suspeitos vão ser presentes a tribunal esta quinta-feira.

Também em comunicado, a PSP referiu que a operação denominada “Pretoriana” determinou “uma ação conjugada no sentido de devolver às instituições e aos cidadãos a sua liberdade de decisão e, promover ainda, que o sentimento de impunidade e insegurança seriam restaurados no âmbito desta realidade desportiva e não só”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Durante a tarde, o Futebol Clube de Porto quebrou o silêncio e emitiu um comunicado acerca da operação no seu site oficial. Ainda que sublinhando que não é diretamente “visado” na investigação, o clube revelou que dois funcionários foram detidos e reiterou “a intenção de continuar a colaborar com as autoridades em tudo o que lhe for solicitado”, garantindo estar pronto para “agir em conformidade” consoante novos factos venham a público — algo que, lê-se, diz já estar a ser feito desde que “três sócios que foram condenados a penas de suspensão entre seis meses e um ano na sequência dos acontecimentos” da Assembleia Geral.

Durante as buscas foram apreendidos vários estupefacientes como cocaína e haxixe, uma arma de fogo, três carros, “vários milhares de euros“; artefactos pirotécnicos, equipamentos eletrónicos e “mais de uma centena de ingressos para eventos desportivos“.

As mais de uma dezena de buscas realizadas durante esta manhã estão relacionadas com suspeitas de ofensas corporais, ofensa e ameaça, sendo que se referem aos incidentes na Assembleia Geral do FC Porto, a 13 de novembro, que levaram o Ministério Público a instaurar um inquérito após a existência agressões entre associados — o levou à interrupção da mesma. No mesmo sentido, a investigação debruça-se também sobre questões de inibição da liberdade de imprensa, tendo em conta que houve uma equipa de jornalistas expulsa da Assembleia-Geral do FC Porto.

O Observador sabe que o Ministério Público e a PSP estão a investigar a ligação dos detidos à agressão a um colaborador de Villas-Boas, que o candidato à presidência do FC Porto disse ter sido “violentamente agredido”, sendo que está em causa um crime de ofensa à integridade física.

De acordo com o Correio da Manhã, as autoridades previam que os elementos dos Super Dragões que foram alvo de buscas e que acabaram detidos tinham planos para novos ataques durante o período de campanha à presidência — em que Pinto da Costa se recandidata frente a André Villas-Boas, com o JN a avançar que as ameaças ao antigo treinador são uma das razões da investigação. O CM revela ainda que o líder dos Super Dragões, conhecido como ‘Macaco’, foi notificado para comparecer em tribunal para prestar declarações, mas que não apareceu.

Na última entrevista que deu, depois da Assembleia-Geral do FC Porto, Pinto da Costa disse que não tinha uma “amizade especial” com o líder dos Super Dragões, mas deixou claro: “Tenho boa relação, admiro-o, porque se formou, fez o seu curso”. E defendeu a claque portista, contestando as afirmações de Villas-Boas, que se referiu a ela como “guarda pretoriana”: “O que existe no FC Porto que e o que eles se referem é uma claque, que tem os mesmos comportamentos de, porque falou nele, quando o André Villas-Boas era treinador do FC Porto. E sempre os treinadores e jogadores vão cumprimentar a claque no fim dos jogos. Então nessa altura não era guarda pretoriana? Tem-se atacado os Super Dragões. Fora dos jogos são como os outros, têm os mesmos direitos.”

E ainda acrescentou que o “relacionamento” entre a sua direção e os Super Dragões é “o normal”, frisando que “nos jogos fora do FC Porto, se não fosse a claque, estávamos sempre a jogar sozinhos”. “Contra o resto. Mas algum associado foi intimidado nos jogos do FC Porto? Não conheço nenhum que se tenha queixado. O que lhe posso garantir é que até este momento, em todas as visões dos acontecimentos, não há nenhum super dragão”, esclareceu, quando questionado sobre os desacatos na reunião.

Dois anos antes, Fernando Madureira tinha mostrado total lealdade a Pinto da Costa quando, durante uma Assembleia-Geral garantiu que os Super Dragões iram defender o presidente do FC Porto, que estava sob suspeita na operação Cartão Vermelho. “Não estamos atrás de si. Estamos atrás de si, ao seu lado e à sua frente. Para chegarem até si terão de nos matar a todos”, realçava o líder da claque portista.

“Os sócios vão ao Museu ver títulos, não vão consultar extratos”: a entrevista de Pinto da Costa (com AG, Sérgio, Villas-Boas e rivais)