Um tribunal de Hong Kong condenou esta quinta-feira quatro pessoas pela participação em motins relacionados com a invasão do edifício do Conselho Legislativo (LegCo) do território semiautónomo chinês, em 2019, no auge dos protestos antigovernamentais.
A invasão, no dia 1 de julho de 2019, quando se assinalava o 22.º aniversário da transferência da antiga colónia britânica para a China, foi um dos episódios dos protestos maciços desencadeados por um projeto de lei de extradição, entretanto retirado.
Centenas de manifestantes invadiram o LegCo nessa noite, partindo quadros e mobiliário. Houve quem deixasse pintadas palavras de ordem com spray no hemiciclo ou escrevesse em cima do emblema do território.
O Conselho Legislativo gastou cerca de 36 milhões de dólares de Hong Kong (4,25 milhões de euros) na reparação dos danos, segundo o tribunal.
No ano passado, seis arguidos, incluindo o ator Gregory Wong Chung-yiu e dois repórteres, Wong Ka-ho e Ma Kai-chung, declararam-se inocentes da acusação de motins.
Mas esta quinta-feira o juiz Li Chi-ho declarou que quatro dos seis arguidos, incluindo Gregory Wong, foram considerados culpados. Wong Ka-ho e Ma Kai-chung foram absolvidos da acusação de motim, mas condenados por entrada ilegal no parlamento.
A sentença escrita deverá ser publicada mais tarde.
Os protestos de 2019 foram desencadeados por uma proposta de lei de extradição que teria permitido que suspeitos de crimes de Hong Kong fossem enviados para a China continental para julgamento.
O Governo regional acabou por recuar com a legislação, mas os manifestantes alargaram as reivindicações, nomeadamente pedindo eleições diretas para os dirigentes da cidade e a responsabilização da polícia.
O movimento social foi o maior desafio contra o Governo de Hong Kong desde a transferência da cidade em 1997, e levou Pequim a impor uma lei de segurança nacional em 2020.
Na sequência da introdução desta legislação, alguns dos principais ativistas da cidade foram detidos, silenciados ou forçados ao auto-exílio, de acordo com a agência de notícias norte-americana Associated Press.
Mais de 10.200 pessoas foram detidas no âmbito dos protestos por vários crimes, como distúrbios e participação em reuniões não autorizadas.