Às vezes, os números são curtos para descrever algo de bom no futebol. Neste caso, por exemplo, dizer que o FC Porto continua sem perder em casa frente ao Arsenal, com três vitórias e um empate em quatro partidas, é mesmo curto. Porque os dragões conseguiram deixar o ataque da moda como é o dos londrinos sem fazer um único remate enquadrado à baliza, algo que não acontecia há dois anos. Porque os dragões tiveram uma exibição que roçou a perfeição em termos táticos mesmo que sem conseguir sair tantas vezes nas transições como gostaria. Porque os dragões, partindo teoricamente como outsiders nesta eliminatória, saíram na frente na primeira mão dos oitavos da Liga dos Campeões. E esse, no final, foi o ponto mais importante.

Não foi azar, foi destino. E Galeno encheu-se de fé para dar um prémio a Pepe (a crónica do FC Porto-Arsenal)

Olhando para aquilo que tem sido o trajeto de FC Porto e Arsenal nas provas europeias, percebe-se melhor o porquê. Em 44 eliminatórias em que conseguiu ganhar em casa na primeira mão de uma eliminatória das competições da UEFA, os azuis e brancos passaram em 82% das ocasiões (36 triunfos, oito eliminações). Mais: olhando para aquilo que tem sido o reinado de Sérgio Conceição, os dragões passaram nas duas eliminatórias em que venceram no Dragão o encontro inaugural, ambas por vantagens mínimas, com Lazio e Juventus. Do polo oposto, os ingleses não têm propriamente a matemática a jogar a seu favor: nas 16 ocasiões em que perdeu a primeira mão fora, só conseguiram passar quatro vezes (25% de sucesso).

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Em paralelo, e mais numa perspetiva da carreira portista, o FC Porto conseguiu manter a baliza a zero pelo sexto encontro consecutivo, numa série que não conseguia alcançar desde 2015. Esta foi também a terceira vitória consecutiva dos azuis e brancos em casa na Liga dos Campeões, sendo que nas últimas sete partidas da principal prova da UEFA a equipa ganhou cinco, empatou uma e só perdeu com o Barcelona. Tudo motivos que deixaram Sérgio Conceição satisfeito, frisando sempre que “a eliminatória vai a meio”.

“Os jogadores devem estar felizes pelo que fizeram. Houve pouco tempo para trabalhar, mas houve muita determinação. A equipa interpretou na perfeição os espaços que tinha que pisar para condicionar e também o que tínhamos na frente para ferir o adversário. Foi um bom jogo, um jogo de Champions. Mais bola do adversário, mais perigo do FC Porto”, começou por referir o técnico dos azuis e brancos à DAZN Portugal no final da partida. “Jogo com Saka e Martinelli? Era um dos pontos fortes. Estivemos muitíssimo bem na chegada da bola aos corredores. Também condicionámos a ligação por dentro. Foi tudo preparado e visto, mesmo nas bolas paradas, em que marcam muitos golos em cantos fechados porque bloqueiam o guarda-redes às vezes com falta. Parabéns aos jogadores que interpretaram na perfeição o plano”, vincou.

Sérgio Conceição abordou também a primeira titularidade de Otávio na Liga dos Campeões, depois de ter feito a estreia oficial pelos dragões no Campeonato frente ao Estrela da Amadora. “Tenho pedido que perca a emoção. Quando se assina contrato com um clube como o FC Porto tem que perder a emoção. Quando tem que falar com um colega mais velho tem que fazê-lo, tem que ter coragem. A confiança é total. Confiança também no Fábio Cardoso e Zé Pedro, que estiveram no banco”, salientou o técnico dos azuis e brancos.

De referir que, no final da partida, nenhum dos jogadores do FC Porto prestou declarações à TVI, algo que já tinha sido comunicado durante a tarde não só ao canal mas também à própria organizadora, a UEFA, que acatou os argumentos que foram apresentados pelo clube. Depois desse período, foi possível ver também Pinto da Costa no local da zona de entrevistas rápidas, ocasião aproveitada para dar um abraço a Fábio Vieira (e cumprimentar Cédric Soares) enquanto esperava por Sérgio Conceição para o mais sentido cumprimento da noite depois de ter ficado visivelmente emocionado na Tribuna depois do golo de Galeno.