O ex-presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi defendeu este sábado que a União Europeia (UE) tem de investir “uma enorme quantidade de dinheiro público e privado” a curto prazo para competir face aos Estados Unidos e China.

“Nos últimos anos, a ordem económica mundial sofreu profundas alterações. Estas mudanças têm várias consequências, uma das quais é clara: teremos de investir uma enorme quantidade de dinheiro num período de tempo relativamente curto na Europa”, indicou Mario Draghi.

Falando no final do segundo e último dia da reunião informal dos ministros das Finanças da UE, na cidade belga de Gante no âmbito da presidência rotativa do Conselho assumida pela Bélgica, o responsável italiano indicou que teve uma “primeira troca de impressões” com os governantes europeus sobre o tema da competitividade europeia, relativamente ao qual está a preparar um relatório.

Não estou a falar apenas de dinheiro público, mas também de poupanças privadas, de mobilizar essas poupanças muito mais do que temos feito até agora”, adiantou Mario Draghi.

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Os ministros das Finanças da UE discutiram este sábado a competitividade do bloco comunitário face a potências como Estados Unidos ou China, numa altura em que Mario Draghi prepara um relatório sobre a matéria.

Nesta reunião informal, os responsáveis discutiram como melhorar a competitividade económica da UE, em particular como concretizar a união do mercado de capitais para canalizar a poupança das famílias e para financiar prioridades comunitárias de transições ecológica e digital e de segurança e defesa.

Mesmo este sábado, o ministro das Finanças de Portugal, Fernando Medina, defendeu que o relatório que Mario Draghi está a preparar, sobre a competitividade da UE, altere “os próximos anos na política económica” comunitária.

Com a Bélgica a assumir a presidência rotativa da UE, a competitividade em termos mundiais e no mercado interno foi colocada como prioridade pelos belgas.

O tema esteve em destaque na reunião informal dos ministros europeus das Finanças, visando que o espaço comunitário consiga ultrapassar os desafios críticos atuais relacionados com o fraco crescimento nomeadamente após os efeitos da guerra da Ucrânia e assegurar um futuro socioeconómico face a potências como Estados Unidos ou China.

A discussão antecede o relatório que o ex-presidente do BCE Mario Draghi está a preparar sobre a competitividade europeia, que deverá ser apresentado no verão, em junho.

No seu discurso sobre o Estado da União, em setembro passado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou um relatório sobre a competitividade europeia e falou num contexto “desafiante” para a indústria na UE.

Na altura, a responsável elencou “três grandes desafios económicos para a indústria” em 2024, entre os quais a “escassez de mão-de-obra e de competências, a inflação” e a necessidade de “facilitar a atividade das empresas”, numa altura de contido crescimento económico.

Por essa razão, Von der Leyen pediu a Mario Draghi, “uma das maiores mentes económicas da Europa, que preparasse um relatório sobre o futuro da competitividade europeia”, que deverá ser divulgado no verão.