O ministro da Economia advertiu esta terça-feira que as empresas serão julgadas, no futuro, pelo seu compromisso com a sustentabilidade, e que é “o grande mantra” do turismo.
“O turismo, com o grande mantra de apostarmos na sustentabilidade dos destinos, das empresas e das suas práticas, está no coração da experiência gastronómica do país”, afirmou António Costa Silva, intervindo na gala de apresentação dos restaurantes portugueses galardoados no Guia Michelin Espanha e Portugal 2024, que decorreu em Albufeira, Algarve.
O governante deixou um alerta: “Não vamos ter nenhuma ilusão. As empresas vão ser julgadas sempre. Vai haver uma espécie de licença social para operar e no futuro vão ser julgadas pelo seu compromisso com a sustentabilidade”, disse, comentando que a gastronomia já assumiu esse compromisso.
O ministro salientou que o turismo em Portugal está a crescer exponencialmente, com um recorde de 30 milhões de visitantes no ano passado e receitas de 25 mil milhões de euros — números que representam um crescimento de 11 por cento nas visitas, mas uma subida maior (19%) nas receitas, “algo que nunca tinha acontecido”.
Razões para “defender uma vez mais a qualidade e importância deste setor, contra alguns detratores que continuamente tentam diminuir a sua importância para a economia nacional”.
Costa Silva destacou ainda que Portugal tem “dos melhores produtos gastronómicos” a nível nacional, como o peixe, o marisco ou o azeite, uma “combinação vitoriosa” que permite “reafirmar o papel da gastronomia e, em torno dela, toda a alavanca que cria para os outros setores”.
O ministro expressou o desejo de que uma das estrelas Michelin anunciadas esta terça-feira fosse atribuída a uma mulher, mas tal não se concretizou: a seleção portuguesa do guia 2024 atribuiu duas estrelas ao Antiqvv (chef Vítor Matos, Porto) e quatro novas primeiras estrelas aos restaurantes 2Monkeys (Vítor Matos e Francisco Quintas, Lisboa); Desarma (Octávio Freitas, Funchal); Ó Balcão (Rodrigo Castelo, Santarém) e Sála (João Sá, Lisboa).
Na mesma cerimónia, o diretor internacional do Guia Michelin, Gwendall Poullennec, salientou que a cerimónia desta terça-feira— a primeira exclusivamente dedicada a Portugal — é “um momento histórico”.
“Reflete o nosso desejo de dar a Portugal e ao seu panorama gastronómico o seu próprio momento de celebração e exposição e ilustra também a qualidade do panorama gastronómico”, destacou.
Os inspetores da Michelin “têm observado como o cenário da culinária local se tem desenvolvido e elevado o nível”, comentou.
“Reconhecido originalmente pela sua cozinha tradicional baseada nos excelentes produtos locais, ou pelos seus restaurantes de elevada qualidade em famosos hotéis, o panorama gastronómico está a atravessar um período de desenvolvimento, diversificação e prosperidade gastronómica memorável”, disse Poullennec.
No guia deste ano, Portugal contabiliza oito restaurantes com duas estrelas (“cozinha excelente, vale a pena o desvio”), 31 com uma (“cozinha de grande nível, compensa parar”), cinco restaurantes com estrela verde (gastronomia sustentável), 32 Bib Gourmand (boa relação qualidade/preço) e 98 recomendados.
“Esperamos que a seleção encoraje qualquer gourmet, desde o local ao internacional, a visitar o país, enquanto estimula o desenvolvimento sustentável do panorama gastronómico local”, salientou o diretor internacional do Guia Michelin.