A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, acusou esta quarta-feira a Aliança Democrática (AD) de ser “aliança antidemocrática”, a nível camarário, referindo-se ao município de Cascais, que tem previsto um plano de urbanização para a Quinta dos Ingleses, em Carcavelos.
“Não posso deixar de referir que a AD, a nível camarário, tem estado do lado errado da história e passa mais por aliança antidemocrática, que não ouve a população. (…) Nós não nos revemos nesta decisão da AD, nem também a nível municipal do PSD”, salientou Inês Sousa Real.
A dirigente política falava à margem de uma visita à Quinta dos Ingleses e depois de ter estado a conversar com os vice-presidentes do movimento SOS Quinta dos Ingleses Pedro Jordão e Manuel Valadas Preto.
“A construção deste empreendimento vai pôr em causa a continuidade da praia, que é uma zona dedicada ao surf, ao turismo, ao lazer e, portanto, a construção deste empreendimento põe em causa até o desenvolvimento sustentável da região, a par do combate às alterações climáticas”, realçou.
Em 16 de novembro do ano passado, um grupo de cidadãos interpôs uma ação judicial contra a Câmara Municipal de Cascais, liderado pelo social-democrata Carlos Carreiras, para tentar travar o plano de urbanização previsto para a Quinta dos Ingleses que inclui a construção de vários empreendimentos.
A ação foi interposta em 31 de outubro pelo movimento SOS Quinta dos Ingleses e visa também a empresa de construção Alves Ribeiro e o Colégio St. Julian’s, promotores deste plano, segundo explicou esta quarta-feira à agência Lusa Pedro Jordão, vice-presidente daquela associação.
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Em causa está o designado Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos-Sul (PPERUCS), que prevê a reestruturação urbanística de uma área de 54 hectares, onde se situa o colégio inglês St. Julian’s, em Carcavelos, com a criação de um parque urbano, a “preservação e valorização do conjunto edificado da Quinta dos Ingleses” e um empreendimento de “usos habitacional, de comércio, de serviços, hoteleiro e outros”.
Esta quarta-feira, Inês Sousa Real lembrou que o parlamento também já havia aprovado uma resolução, apresentada pelo seu partido, no sentido de se encontrar uma solução.
“A Assembleia da República já aprovou uma resolução, precisamente apresentada pelo PAN nesta matéria, em que vem pedir que se trave e arranje uma solução com a empresa imobiliária, que crie uma alternativa para a construção que não passe por destruir esta zona verde. E para o PAN esta também tem de ser uma prioridade para a próxima legislatura”, sustentou.
No início do ano, a Câmara Municipal de Cascais disse que foram cumpridas “escrupulosamente” todas as exigências legais para a construção de um novo hotel na Estrada Marginal, na Parede, processo que está a ser investigado pelo Ministério Público após uma queixa-crime.
Em causa está uma queixa-crime apresentada em 8 de setembro de 2023 pela associação ambientalista SOS Quinta dos Ingleses contra a Câmara de Cascais sobre a construção de um empreendimento turístico da cadeia hoteleira norte-americana Hilton, na Estrada Marginal, na Parede, por considerar a obra “totalmente ilegal”.
A queixa-crime está relacionada com a venda por parte da Câmara de Cascais, em 10 de março de 2020, de um lote de terreno com 823,31 metros quadrados, na Estrada Marginal, na Parede, pelo preço de 312.700 euros, para a construção de um empreendimento turístico da cadeia hoteleira norte-americana Hilton.