A advogada e ativista Oleksandra Matviichuk, vencedora do Prémio Nobel da Paz em 2022, afirmou, esta sexta-feira, em Londres que uma vitória militar da Ucrânia pode abrir uma oportunidade de transição democrática na Rússia.

“Desejo que a Rússia seja um país democrático. Mas sei que só o sucesso da Ucrânia e a derrota militar da Rússia proporcionarão uma oportunidade de futuro democrático para a própria Rússia”, disse, durante um encontro com jornalistas na capital britânica, entre os quais a Agência Lusa.

A diretora da organização ucraniana Centro de Liberdades Civis, distinguida com o Nobel da Paz juntamente com um ativista bielorrusso e uma organização não-governamental (ONG) russa, revelou que esta mensagem lhe é passada frequentemente por ativistas dos direitos humanos russos.

“Quando pergunto aos meus colegas como podemos ajudá-los (…), eles respondem sempre: se vocês quiserem ajudar-nos, tenham sucesso. O sucesso da Ucrânia proporcionará não uma garantia, mas a oportunidade de um futuro democrático para a própria Rússia“, vincou.

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Matviichuk lamentou que os ativistas de direitos humanos sejam uma minoria na Rússia, enquanto a maioria da população russa apoia a guerra contra a Ucrânia.

“Esta é uma guerra do povo russo, porque viver no totalitarismo ou sob um regime autoritário muda as pessoas. Quando se vive com medo constante, isso cultiva o chamado desamparo aprendido”, referiu, apontando para a falta de mobilização da população para protestar contra o regime.

Na Rússia, lamentou Matviichuk, ainda predomina uma cultura imperialista.

O Presidente russo, Vladimir Putin, salientou a advogada, “governa o seu país não apenas graças à repressão e censura, mas também graças a um contrato social especial com as elites do Kremlin e a maioria do povo russo, baseado na chamada glória russa”.

A ativista ucraniana rejeita que as eleições presidenciais russas, previstas para a próxima semana (de 15 a 17 de março), possam ser reconhecidas porque não respeitam as regras internacionais.

“Precisamos de honestidade, coragem e responsabilidade histórica dos líderes políticos mundiais para chamar as coisas como elas são. Putin não será um presidente legítimo da Rússia”, enfatizou.