O embaixador chinês em Angola disse, esta sexta-feira, que a negociação da dívida entre Pequim e Luanda tem sido “amistosa”.

Zhang Bin, que iniciou funções a 23 de fevereiro, acrescentou que os países precisam de empréstimos para se desenvolver e que, para resolver as questões da dívida, devem resolver as questões do desenvolvimento.

As declarações foram feitas durante uma conferência de imprensa em Luanda, onde fez um rescaldo da visita do Presidente angolano. João Lourenço à China, na semana passada.

“De facto, alguns países africanos têm dificuldade em pagar as suas dívidas e a China presta atenção a esta questão”, sublinhando, acrescentando que a China ofereceu, em 2020, uma moratória da dívida aos países mais vulneráveis e assinou acordos de reformulação da dívida com vários países.

Durante a visita de João Lourenço foram negociados novos termos para o pagamento dos 17 mil milhões de dólares (15,7 mil milhões de euros) que Angola deve à China e que fazem do país lusófono o maior devedor africano aos asiáticos.

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João Lourenço diz em Pequim ter conseguido renegociar termos da dívida com a China

O ministro de Estado para a Coordenação Económica, José Massano, disse no domingo em Shangdong que o acordo não envolve uma moratória, mas sim uma “refundação da mecânica de reembolso”, que envolve uma diminuição da reserva de garantia associada às prestações.

Zhan Bing sublinhou esta sexta-feira que a China não faz “exigências ou pressões” em termos de dívida e que as negociações entre Angola e China neste domínio têm sido “amistosas”, levando à suspensão de pagamentos em 2020 e agora à “harmonização de divida”, através de um mecanismo que otimiza o serviço de dívida.

“Este ajustamento de harmonização reuniu consensos das duas partes e é uma resolução razoável e satisfatória que dá uma base sólida para futura cooperação China-Angola”, realçou o diplomata.

Questionado sobre os casos judiciais que envolvem a China International Fund (CIF) e antigos dirigentes angolanos de topo, como os Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e Leopoldino do Nascimento Fragoso “Dino” e o ex-vice-presidente e ex-patrão da Sonangol Manuel Vicente, que terá desviado milhões de dólares da petrolífera estatal angolana através de negócios com a CIF, adiantou que a empresa foi fundada e registada em Hong Kong e os seus investimentos em África nada têm a ver com o Governo chinês.

“É uma empresa privada”, reforçou.

Segundo Zhang Bin, China e Angola assinaram depois desta visita uma parceria de cooperação estratégica global, evoluindo para um nível mais elevado das relações entre os dois países.

Da visita resultou a assinatura de 12 novos acordos de cooperação bilateral, entre os quais se destacam os setores do comércio e investimento nas áreas de agricultura, indústria e recursos minerais.

O embaixador referiu ainda que, em termos acumulados, as empresas chinesas já investiram em Angola cerca de dois mil milhões de dólares e manifestou a intenção de aprofundar os laços interculturais, já que nos últimos anos “têm avançado mais” as relações económicas, comerciais e políticas.

“Cerca de 50 mil chineses trabalham e vivem em Angola, mas não há muito angolanos lá, a minha missão é envidar esforços para melhorar esta situação”, frisou o diplomata.