Um estudo divulgado esta segunda-feira sugere, com base numa extensa análise da informação genética de vírus, que as pessoas transmitem mais vírus aos animais domésticos e selvagens do que o contrário.
O estudo, conduzido por cientistas da universidade britânica University College London e publicado na revista da especialidade Nature Ecology & Evolution, baseou-se na análise de quase 12 milhões de genomas de vírus disponíveis em bases de dados públicas.
A partir desses dados, os autores do estudo reconstruíram as histórias evolutivas e as transições passadas de hospedeiros de vírus em 32 famílias virais e procuraram as partes dos genomas virais que adquiriram mutações durante essas transições de hospedeiros.
Os cientistas verificaram um padrão consistente na maioria das famílias virais consideradas: cerca de duas vezes mais transições de hospedeiros foram inferidas como sendo de pessoas para animais e não o contrário, refere a University College London em comunicado.
O estudo concluiu que, em média, as transições de hospedeiros virais estão associadas a mutações genéticas nos vírus, traduzindo como os vírus se adaptam para explorar melhor os seus novos hospedeiros.
Os autores do trabalho consideram que a monitorização da transmissão de vírus entre animais e pessoas permitirá compreender melhor a evolução dos vírus e preparar melhor o mundo para futuros surtos, epidemias e pandemias.
A equipa da University College London salienta que se um vírus transmitido por humanos infetar uma nova espécie animal o vírus poderá continuar a ser bem-sucedido mesmo se for erradicado entre os humanos, ou poderá desenvolver novas adaptações antes de acabar a infetar humanos novamente.