Os Presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Emmanuel Macron, lançaram esta quarta-feira ao mar, no Rio de Janeiro, um submarino de propulsão construído no âmbito de um acordo de cooperação militar entre os dois países.
Na Base Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, os dois chefes de Estado participaram do lançamento do submarino Tonelero (S-42), de 72 metros de comprimento e capaz de atingir uma velocidade de até 37 quilómetros por hora.
Este é o terceiro submarino a propulsão convencional construído através de uma parceria estabelecida entre Brasil e França em 2008 e faz parte do Programa de Desenvolvimento dos Submarinos, com um orçamento de cerca de 40 mil milhões de reais (7,4 milhões de euros no câmbio atual).
Num breve discurso, Macron destacou a importância da parceria estratégica entre Brasil e França, disse que o lançamento abre um novo momento da “parceria estratégica” bilateral e celebrou a amizade das duas nações, que classificou como potências pacíficas.
“Espero que abramos o capítulo para novos submarinos (…), que enfrentemos a propulsão nuclear, respeitando perfeitamente todos os mais rigorosos compromissos de não proliferação [de armas nucleares]”, disse o Presidente francês.
Macron afirmou, sem se referir a nenhum conflito em específico, que os dois países têm “no fundo a mesma visão do mundo e dos seus equilíbrios” e rejeitam que “o mundo seja prisioneiro dos conflitos de duas grandes potências”.
“Queremos defender a nossa independência e a nossa soberania e, juntamente com isso, defendemos o respeito pelo direito internacional em todo mundo. Acreditamos na dignidade humana porque ela é constitutiva das nossas ordens políticas e constitucionais. Acreditamos no ser humano e queremos defendê-lo, acreditamos na paz”, completou.
Já Lula da Silva afirmou que o Brasil quer ter conhecimentos da tecnologia nuclear não para fazer guerra, mas para ter “conhecimento para garantir a todos os países que querem paz que o Brasil estará ao lado de todos eles”.
“A guerra não constrói, o que constrói é o conhecimento científico, tecnológico, e é nessa área que nós queremos fortalecer a nossa parceria com o povo francês”, acrescentou o Presidente brasileiro.
Lula da Silva afirmou que os dois países concordaram em ampliar esse esforço com a criação do Comité Bilateral de Armamentos, com foco no desenvolvimento de sinergias e para promover maior equilíbrio no comércio de produtos de defesa, e lembrou que, no campo espacial, o satélite geoestacionário construído em Nice, França, em 2017, “tem assegurado a independência e soberania nas comunicações de defesa e envolveu um amplo processo de absorção e de transferência de tecnologia” do Brasil.
O acordo de transferência de tecnologia bilateral que prevê a construção de cinco submarinos, sendo quatro convencionais e um movido a energia nuclear, foi assinado com o estaleiro estatal francês DCNS e também permitiu a construção de um complexo industrial e uma base de apoio às operações submarinas em Itaguaí, no Rio de Janeiro.
O primeiro submarino do projeto foi o Riachuelo (S-40), em operação desde 2022, o segundo, o Humaitá (S-41), lançado no ano passado, e o quarto, o Angostura (S-43), está em construção e com entrega prevista para o próximo ano.
O acordo com a França prevê a construção de um quinto submersível, mas com propulsão nuclear, que se chamará Álvaro Alberto (SN-BR), que ainda está em fase de desenvolvimento e sem previsão de construção.
Quando for lançado, o Brasil passará a fazer parte do grupo exclusivo que domina a tecnologia de propulsão nuclear para submersíveis, do qual fazem parte apenas a China, os Estados Unidos, a França, o Reino Unido e a Rússia.