A luz vermelha para os carros foi o gatilho para o suspeito avançar com a arma em punho. Eram duas da manhã. Assim que o agente da Polícia de Segurança Pública, de 50 anos, parou num semáforo na zona de Algés, no concelho de Oeiras, o homem aproximou-se e entrou no carro. Foi aí que começou a tentativa de assalto, segundo a PSP, que viria a acabar uma hora e meia depois com a morte do suspeito.

A.P. – que vive em Loures, de acordo com o Correio da Manhã –, abordou o agente, que estava fora de serviço, com “uma arma de fogo”, uma pistola, obrigando-o “a conduzir para um descampado”, revelou ao Observador fonte oficial da Polícia Judiciária.

Quando lá chegaram, à sua espera estaria um outro carro, um BMW cinzento, e uma mulher sentada ao volante. A.P. e a suposta cúmplice terão, nessa altura, obrigado a “vítima a entrar […] e à posteriori a deslocar-se a um multibanco e de seguida à sua residência”, informou a PSP em comunicado enviado às redações.

Contudo, após questionada sobre a ordem para ir à caixa multibanco, fonte da PJ, que tem agora a investigação em mãos, disse não ter informação relativa a esse assunto.

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Agente terá atraído suspeitos para prédio onde só vivem polícias

O agente, que pertence ao Corpo de Segurança Pessoal da Unidade Especial de Polícia (UEP), acabou por levar ambos os suspeitos a sua casa, situada num prédio na rua Actriz Maria Matos, em Benfica (Lisboa), onde vivem apenas elementos da polícia, tendo a mulher ficado “a aguardar pelo outro suspeito no exterior da residência”.

No interior da casa, o polícia terá pegado na arma de serviço que tinha guardada e disparado. Segundo o Jornal de Notícias, o agente identificou-se como polícia antes de atingir mortalmente o suspeito na zona do peito, tendo o óbito sido declarado pouco depois, às 3h25.

Após o disparo, o agente terá pedido ajuda a um vizinho, que também era polícia, tendo as autoridades chegado pouco tempo depois. A mulher acabou, mais tarde, por ser detida pelos elementos da PSP que foram acionados.

O casal, segundo a CNN Portugal, que cita uma fonte policial, já teria antecedentes criminais, estando “bastante credenciados na prática de crimes”.

Em comunicado, a PSP fez saber que o “local da ocorrência e a viatura usada” no alegado crime foram “devidamente preservados e entregues à PJ para a consequente investigação” e que o carro do agente, que tinha sido abandonado em Algés, também já foi recolhido.

O agente e a suspeita foram ambos encaminhados para as instalações da PJ, em Lisboa.

Sobre se o agente da polícia agiu em legítima defesa quando disparou contra o suspeito, o porta-voz dos sindicatos da PSP e da GNR, Bruno Pereira, disse, em declarações à RTP, que o homem foi “aparentemente vítima de um crime violento” e que estava “sob circunstâncias que legitimariam” o recurso à arma de fogo. No entanto, indicou que situação devia ser “analisada e averiguada em sede de processo-crime”.

Já se se vier a provar que a arma usada pelo alegado assaltante para ameaçar o agente era falsa, como chegou a ser noticiado pelo Correio da Manhã, “podemos ter uma situação de erro sobre as circunstâncias que legitimariam o mesmo recurso”, apontou Bruno Pereira.

O Observador questionou a Inspeção-Geral da Administração Interna sobre se foi aberto um inquérito para apurar se o polícia agiu em legítima defesa, mas não obteve resposta até à publicação desta notícia.

Notícia atualizada às 19h40 de 1 de abril de 2024