Nasceu em Vila Nova de Gaia, começou a ligação ao desporto de forma mais estreita através do futebol em plantéis das camadas jovens do FC Porto onde partilhou balneário com nomes como Vítor Baía, Domingos, Fernando Couto ou Secretário antes de dar prioridade aos estudos e voltar a jogar em clubes mais modestos como o Unhais da Serra ou o Manteigas, teve sobretudo o seu nome associado ao crescimento do futsal em Portugal depois de ter sido praticante (de forma breve) no modesto Grupo Desportivo da Mata na Covilhã. Pedro Dias, de 55 anos, foi o escolhido pelo elenco liderado por Luís Montenegro para ser Secretário de Estado do Desporto (sem Juventude, que passa a ter o seu próprio ministério), sucedendo a João Paulo Correia numa pasta que continua sob a tutela do ministério dos Assuntos Parlamentos, agora Pedro Duarte.

Atualmente, era diretor executivo da Federação Portuguesa de Futebol. O Observador sabe que Fernando Gomes, líder da entidade, esteve a par dos contactos que foram feitos por Luís Montenegro e o seu núcleo duro para escolher o nome de Pedro Dias entre duas opções finais que estariam em cima da mesa. A escolha não é alheia ao facto de Portugal receber, numa candidatura conjunta com Espanha e Marrocos, a fase final do Campeonato do Mundo de futebol de 2030, num dos maiores eventos desportivos de sempre organizados no país. Esta quinta-feira ficou confirmado que o Estádio da Luz irá receber uma das meias-finais da prova, sendo que, na última audição de Ana Catarina Mendes sobre o tema após um requerimento potestativo do grupo parlamentar da Iniciativa Liberal, a ex-responsável pela área assegurou que esse projeto “não vai implicar custos de dinheiros públicos” e que as reformas ou melhorias dos mais 30 centros de estádio e de treino em Portugal para adequar às necessidades ficarão como legado para os mais jovens.

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Formado na Universidade da Beira Interior e na Universidade do Minho, Pedro Dias esteve na Comissão Instaladora da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) entre 1989 e 1991, assumindo depois a vice-presidência dois anos e a liderança entre 1993 e 1995. Tendo um percurso ligado à gestão desportiva e à formação académica, entrou na Federação Portuguesa de Futebol em 2011, a convite de Fernando Gomes, e foi o principal obreiro da autêntica revolução no futsal nacional, que se assume hoje como uma das maiores potências mundiais e que conquistou as últimas quatro grandes competições internacionais que disputou (um Mundial, dois Europeus e uma Intercontinental). Essa evolução teve por base o Plano Estratégico Nacional para a modalidade que apresentou um ano depois de assumir o cargo na FPF, após ouvir clubes, treinadores, jogadores, autarquias e elementos da comunicação social, entre demais intervenientes.

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[Ouça aqui a entrevista de Pedro Dias no programa Nem tudo o que vai à rede é bola da Rádio Observador em setembro de 2022]

“Já existiram reuniões para futsal ser olímpico”

Além de diretor executivo da Federação, vogal da Direção e responsável por futsal, futebol de praia e pela parte da investigação/desenvolvimento da FPF, Pedro Dias era também membro do Comité de Futsal da UEFA há mais de uma década, sendo um dos principais impulsionadores de uma ideia partilhada por várias entidades de, a médio prazo, conseguir colocar o futsal como hipótese de modalidade para ser avaliada no âmbito dos Jogos Olímpicos. Foi condecorado com o Grau de Comandante da Ordem do Mérito em 2015 pelo então presidente da República, Cavaco da Silva, por todo o trabalho desenvolvido no desporto.

“O Sindicato dos Jogadores congratula-se com a escolha de Pedro Dias para novo Secretário de Estado do Desporto. O currículo dirigente de Pedro Dias, ligado em particular ao sucesso e sustentabilidade do futsal e futebol de praia, com reflexos a nível nacional e internacional, é complementado por uma visão política que, na perspetiva do Sindicato, será muito relevante para o desenvolvimento do desporto nacional. O Sindicato dos Jogadores há muito que reivindica uma estratégia para o desporto centrada na valorização do praticante desportivo, baseada numa visão integral da carreira desportiva, na formação de atletas e cidadãos, nas carreiras duais e construção de um modelo capaz de valorizar não apenas a elite, mas toda a população portuguesa no acesso e desenvolvimento da prática desportiva”, destacou o Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol em comunicado, após a confirmação de todos os secretários de Estado.

“A expectativa é que exista da parte do Governo a coragem e a vontade política que tem faltado para concretizar as necessárias reformas que o Desporto precisa. Existe uma enorme expectativa por parte do movimento federativo desportivo em relação ao próximo Governo. As reformas necessárias que o setor precisa são conhecidas por todos e há muito ambicionadas, as quais foram inclusive apresentadas, pela CDP, durante o período de campanha eleitoral ao agora primeiro-ministro, Luís Montenegro. Votos de sucesso ao Governo, em matéria de políticas públicas desportivas, em particular ao ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, e ao secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias. O seu sucesso será o sucesso do desporto português”, salientou Daniel Monteiro, líder da Confederação do Desporto de Portugal.