O humorista Herman José vai receber este mês o Prémio Vida e Obra, da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), pelo seu “talento excecional como ator, músico e autor”, anunciou hoje aquela cooperativa.

O prémio será entregue a Herman José, no dia 29 de abril, na Aula Magna, em Lisboa, no final do concerto “Mar de Camões”, que homenageia “o grande poeta português autor de ‘Lusíadas’ e de imortal poesia lírica”, de acordo com a SPA, num comunicado hoje divulgado.

O Prémio Vida e Obra, atribuído anualmente a “figuras centrais da vida cultural, científica e também política”, consagra Herman José “pelo seu talento excecional como ator, músico e autor, no ano em que comemora 70 anos de vida e 50 de incessante e multifacetada carreira artística”.

Hermann José Krippahl nasceu em Lisboa a 19 de março de 1954 e estudou em Lisboa na Escola Alemã, tendo iniciado a sua carreira artística pela música, com as primeiras aparições televisivas aos 18 anos.

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A sua carreira de ator começou poucos meses depois do 25 de Abril de 1974, no Teatro ABC, no espetáculo de revista “Uma no Cravo, Outra na Ditadura”, e no ano seguinte estreou-se como ator na televisão, no programa “Nicolau no País das Maravilhas”, onde se destaca na rábula “Sr. Feliz e Sr. Contente”, ao lado de Nicolau Breyner.

A partir deste momento tornou-se uma figura conhecida do grande público, mantendo a música sempre presente na sua atividade, tendo lançado o tema “Saca o Saca-Rolhas”, cujas vendas lhe granjearam o estatuto de Disco de Ouro.

Em 1980, participou em “O Passeio dos Alegres”, programa de Júlio Isidro, onde surgiu pela primeira vez a personagem de Tony Silva.

Herman José acabou por se tornar autor dos seus próprios programas humorísticos, com a criação de “O Tal Canal” (1983) e de “Hermanias” (1984), que estabelecem uma mudança histórica no tipo de humor que se fazia no país.

Nesses programas, o humorista deu corpo a figuras que permanecem até hoje no imaginário popular, como o especialista em futebol José Estebes ou o cantor popular Serafim Saudade.

Mais tarde, o seu programa “Humor de Perdição” (1987-88), foi abruptamente suspenso pelo Conselho de Administração da RTP, em reação a uma rubrica de “Entrevistas Históricas” que dessacralizava algumas figuras maiores da história de Portugal.

Paralelamente à televisão, por toda a década de 1980 e no início da seguinte Herman desenvolveu uma intensa atividade de humorista radiofónico.

Em 1990, regressou à televisão com “Casino Royal”, e nos anos seguintes exercitou o seu talento em diferentes formatos, como a “Roda da Sorte” e “Com a Verdade M’enganas”.

Em 1992, assumiu o ‘talk-show’ “Parabéns”, no qual entrevistou grande parte das figuras cimeiras da sociedade portuguesa da época, assim como várias celebridades internacionais.

“Parabéns” incluía uma rubrica humorística (“Herman Zap”), onde Herman e os seus colaboradores reconstituíam cenas históricas num espírito mais uma vez iconoclasta.

Em 1996, um ‘sketch’ sobre a “Última Ceia” desencadeou um abaixo-assinado de protesto que recolheu cerca de duzentas e cinquenta mil subscritores, mas que não impediu a divulgação pública do programa.

A década de 1990 foi marcada por dois especiais de fim de ano: “Crime na Pensão Estrelinha” (1990/91) e “Hermanias Especial Fim de Ano” (1991/92).

O humorista continuou depois a fazer programas na RTP que permanecem até hoje na memória coletiva, como “Herman Enciclopédia” (1997), que deu origem às figuras de Diácono Remédios, SuperTia, Lauro Dérmio, Artista Bastos, David Vaitemborough ou Mike & Melga.

Já no século XXI, apresenta-se também nos canais de televisão privados, SIC e TVI.

A sucessão de programas televisivos de que é autor, desde a década de 1980 até aos dias de hoje, quase sem interrupção, faz dele um caso singular de longevidade televisiva, destaca o Governo.

Mais recentemente, Herman José retomou uma intensa agenda de espetáculos ao vivo por todo o país e junto das comunidades portuguesas no estrangeiro.

Entre outras distinções de prestígio, o humorista acumulou 12 Globos de Ouro, mais de 15 Se7es de Ouro e a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), entregue pelo presidente da instituição – José Jorge Letria – em 2014.

A Presidência da República agraciou-o por duas vezes, primeiro com o grau de Comendador da Ordem do Mérito (a 10 de junho de 1992) e, mais recentemente, com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique (a 7 de novembro de 2023).

Marcelo condecora Herman José com grau de grande-oficial da Ordem do Infante D.Henrique

Em dezembro do ano passado, a Câmara Municipal de Lisboa decidiu também distinguir Herman José, com a Medalha de Honra da Cidade. Em março deste ano, o Governo atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural.

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